quarta-feira, 15 de junho de 2016

DIA MUNDIAL DA ASMA: carta aos políticos de Fortaleza


Márcia Alcântara Holanda (*)
Excelentíssimos senhores governador, prefeito, senadores, deputados federais, deputados estaduais, vereadores, secretários de Saúde estadual e municipal do Ceará e de Fortaleza, os saúdo com toda a reverência que o cargo de Vossas Excelências merecem.
O objetivo dessa missiva é solicitar de Suas Excelências uma posição política a respeito do relato a seguir: nos dias 3 e 7 de maio de 2016 comemoramos em Fortaleza o Dia Mundial da Asma. Acreditem, Excelências: nossa Cidade até 2013 ocupava o penúltimo lugar entre as cidades brasileiras em termos de controle da asma. Hoje é a quinta com a asma mais bem controlada do País.
Isso foi o que comemoramos. O feito ocorreu em apenas três anos de reativação espontânea por parte da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), da Comissão de Asma da Sociedade Cearense de Pneumologia e Cirurgia Torácica (COAS-SCPT) e do Programa da Atenção Integral à Criança e Adulto com Asma de Fortaleza (Proaica).
Conduzido desde sua criação, em 1996, por um grupo voluntário de profissionais de saúde, o Proaica reduziu em 58,63% as internações e em 51,72% os óbitos pela doença em nossa Capital, nesses três últimos anos (DataSUS 2016).
Sua filosofia prega a disseminação do conhecimento, habilidades e informações científicas sobre o manejo da asma, objetivando o controle, que o levam ao êxito, porque todos os pacientes asmáticos têm acesso a um atendimento apropriado nas unidades de saúde da atenção primária. Favorecer o diagnóstico correto, tratamento adequado, educação conscientizadora sobre a doença e seu controle é o que o Proaica faz, em parte, pretendendo fazê-lo por completo.
Essas ações serão capazes de controlar as crises de asma de 95% dos asmáticos da Cidade.
O investimento da SMS nesse sentido restringiu-se apenas a cinco blocos de capacitação em asma, ficando o financiamento do desenho do Programa, sua aplicação prática e uma “mega” capacitação a cargo da COAS-SCPT.
Esse é um programa revolucionário, porque não necessita de excepcionalidades, mas do essencial para o seu funcionamento. Nossa equipe é de mais de mil membros, que, uma vez capacitados e bem informados, mantêm o Programa ativo, pelo menos por enquanto.
Essa missiva apresenta resultados estatísticos formidáveis (DataSUS2016), porém ainda de origem empírica, precisando serem referendados pela ciência. Por isso se fazem necessários: 1- Sua institucionalização; 2- Avaliação de massa crítica capaz de mantê-lo vivo e ativo, pelo tempo preciso; 3- Investimentos na estrutura e função do Programa.
Para tanto, necessita-se de um posicionamento político de Vossas Excelências a fim de se efetivarem os encaminhamentos acima apresentados. Não se pode perder o que já se ganhou, devendo-se aumentar mais esses ganhos, até alcançarmos “morte zero”, por causa de asma, vida produtiva e livre de crises sôfregas e asfixiantes para os asmáticos de nossa Cidade.
(*) Médica pneumologista; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 25/5/2016. Opinião. p.10.

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