Por jornalista Tarcísio Matos
A banha do Cururu
Santo
remédio pra tosse e puxado! A gordura do injustiçado batráquio é beberagem
caseira eficaz que a modernidade e as secas consecutivas tiraram do receituário
do pobre, do terreiro de casa. Meu pai, seu Zé, vinte anos sem crise asmática,
vê no feito “milagre da banha torrada (dose única) dum cururu alvorada preparada
por cumade Odete, que tomei jejum”.
- É iscritim
torresmo! Pense!!!
Ocorre
que o calorão de dezembro propiciou recaída, e seu Zé foi bater na urgência do
hospital. Diagnóstico: pneumonia. Medicação do doutor: antibiótico. Quem disse,
porém, que ele aceita outro remédio senão a banha do bom e velho sapão? Pede
que a mulher cuide de arrumar a prodigiosa substância. Ela pondera:
- Quatro anos de
estiagem, zerou cururu no estado!
- É de vera, é de
vera... - acede
ele, de pronto.
Ante
a provável falha da indústria remedística, vem o estalo: telefonar pra famosa
rede de farmácias e pedir o inusitado: banha do teitei (cururu oportunista de
beira de lagoa). Atendente não sabe o que responder. Seu Zé procura ser mais
claro:
- Pode ser cápsula,
minha bichinha! Pozinho, xarope, supositório de banha de cururu... Atendente!
Ei?!? Tá me ouvindo?
Fonte: O POVO, de 13/02/2016.
Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos.
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