João Brainer Clares
de Andrade (*)
Na Uece, se o governador tiver interesse, há solo
para o nunca executado Hospital Metropolitano
O cabo de força
entre professores e alunos das universidades estaduais contra o Governo do
Estado do Ceará parecer continuar, a despeito do fim da era Cid e sua
incapacidade de diálogo. Até poucos anos, Brasília era visitada para se passar
a tutela de nossas universidades estaduais ao ente federal. Porém, a “quebra de
braço” restou ao erário estadual. Mesmo vencido, Cid parece não ter passado a
lição a seu sucessor.
É sabido que uma
universidade funciona como força motriz de um estado: há um presente nobre de
inovação, formação profissional, qualificação das instituições públicas
correlatas e de oportunidades de extensão que levam material de alto nível a
comunidades que mais demandam atenção. Por outro lado, há um preço alto que se
paga, reacendendo a dúvida de onde obter recursos. No Ceará, o desafio é
grande.
No entanto,
incentivar a parceria privada, flexibilizar leis que facilitem captar recursos,
estabelecer piso de repasse direto de impostos e - por que não? - cobrar, mesmo
que simbolicamente, dos alunos que apresentam condições de arcar com ensino
superior privado são uma necessidade. Para popularizar as universidades, não é
justo que o melhor que se tem em ensino superior seja em sua quase maioria
destinado a egressos de escolas particulares. No papel, o incremento mensal,
com mensalidade simbólica, mudaria o presente das nossas universidades.
Do outro lado, as
universidades podem abrir seus campi;
um modelo de integração a escolas, instituições públicas, órgãos de gestão e,
principalmente, a rede de saúde. Na Uece, se o governador tiver interesse, há
solo para o nunca executado Hospital Metropolitano e, em menor escala, mas não
em menor importância, um complexo de ambulatórios de especialidades médicas
usando a oportunidade de professores de excelente formação técnica.
Investimento e respeito às universidades estaduais presenteariam milhares de pessoas.
O jogo atual se
torna inoportuno: o governador se esconde dos compromissos assumidos, degola o
sonho da profissão de quase 30 mil estudantes, interrompe pesquisas de ponta,
estaciona projetos de extensão que levam saúde e educação a centenas de comunidades
na Capital e no Interior. Camilo não negocia, não ouve, não respeita... E a
cada dia, perde a oportunidade de viver o presente das universidades estaduais
do Ceará.
(*) Médico egresso da Universidade Estadual do
Ceará (Uece). Residente de Neurologia do HGF.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 22/8/2016.
Opinião. p.19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário