Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Os Jogos Olímpicos foram
realizados na Grécia Antiga no ano 776
ad, como uma importante celebração e tributo a Zeus. Passou a fazer parte, quase como um
símbolo, uma homenagem perpétua dos Jogos à Grécia. A prova principal “a
Maratona”, corrida de fundo, na distância de 42 quilômetros e 500 metros, a
mesma percorrida por um soldado grego, que a correr levou até Atenas a notícia
da vitória de seu exército na batalha Maratona, cidade da Ática, onde se
combatiam os persas. Dada a notícia, caiu morto, tornando-se sinônimo da
tenacidade ou de louvor a Guerra?
No ano de 392, os Jogos Olímpicos e
quaisquer manifestações religiosas do politeísmo grego foram proibidos pelo imperador
romano Teodósio I, após converter-se para o cristianismo.
As modernas Olimpíadas foram
retornadas pelo empenho de um aristocrata francês, Barão de Coubertin (1863-1937);
em 1896, passando a serem conhecidos como os Jogos da Era Moderna criado,
segundo falam, para melhorar e aperfeiçoar a saúde física dos jovens e promover
a paz entre as Nações.
Essas Olimpíadas da era Moderna
mudaram conceitos desportivos. Do amadorismo puro para um profissionalismo
desenfreado, político econômico e de superioridades raciais. O mercantilismo do
século XXI encontra cada vez mais espaço dentro desta disputa hegemônica entre
nações e ideologias. Investem-se milhões de dólares em suas delegações, sendo
as disputas, a melhor propaganda de uma Nação.
Será que as lideranças mundiais não
estão vendo que todo pódio é uma celebração do narcisismo, produtor de
estresse, de inveja entre os povos? E
que esta é uma nova patologia (vencer e vencer) incutida nos jovens, está se
tornado um desastre. Desconheço atleta longevo. A maioria morre cedo, tem o
corpo deformado ou quando menos, antes do tempo, quando aparecem na TV, parecem
ter mais idade do que possuem. Os pobres brasileiros têm no esporte, principalmente
o futebol (ou outros esportes de equipe), uma das principais saídas à ascensão
social, depois se acabam no esquecimento.
Raríssimo são os que têm um final de
vida feliz apesar de uma minoria auferir salários mirabolantes. Muito antes dos
psicanalistas os sábios das antiguidades já afirmavam da importância do
esporte, como uma maneira de esgotarem-se na ginástica, desejos reprimidos.
Lembro-me bem, antes da pílula anticoncepcional e da — moral vitoriana —
escoar-se pelo ralo, para se evitar os excessos masturbatórios a Medicina de
antanho receitava tanto para os adolescentes do sexo masculino quanto “mais
discretamente” às moças exercícios para sublimar a explosão do sexo na
adolescência.
Esportes é bom, o problema é como ele
é praticado e comercializado no momento.
Nota: Crônica escrita no dia 2 de outubro de 2009 (dia
em que o Brasil ganhou a indicação para sediar os jogos olímpicos) e não havia
na ocasião nem Crise nem Zika.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário