sexta-feira, 5 de agosto de 2016

OLIMPÍADA 2016


Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Os Jogos Olímpicos foram realizados na Grécia Antiga no ano 776 ad, como uma importante celebração e tributo a Zeus. Passou a fazer parte, quase como um símbolo, uma homenagem perpétua dos Jogos à Grécia. A prova principal “a Maratona”, corrida de fundo, na distância de 42 quilômetros e 500 metros, a mesma percorrida por um soldado grego, que a correr levou até Atenas a notícia da vitória de seu exército na batalha Maratona, cidade da Ática, onde se combatiam os persas. Dada a notícia, caiu morto, tornando-se sinônimo da tenacidade ou de louvor a Guerra?
No ano de 392, os Jogos Olímpicos e quaisquer manifestações religiosas do politeísmo grego foram proibidos pelo imperador romano Teodósio I, após converter-se para o cristianismo.
As modernas Olimpíadas foram retornadas pelo empenho de um aristocrata francês, Barão de Coubertin (1863-1937); em 1896, passando a serem conhecidos como os Jogos da Era Moderna criado, segundo falam, para melhorar e aperfeiçoar a saúde física dos jovens e promover a paz entre as Nações.
Essas Olimpíadas da era Moderna mudaram conceitos desportivos. Do amadorismo puro para um profissionalismo desenfreado, político econômico e de superioridades raciais. O mercantilismo do século XXI encontra cada vez mais espaço dentro desta disputa hegemônica entre nações e ideologias. Investem-se milhões de dólares em suas delegações, sendo as disputas, a melhor propaganda de uma Nação.
Será que as lideranças mundiais não estão vendo que todo pódio é uma celebração do narcisismo, produtor de estresse, de inveja entre os povos?  E que esta é uma nova patologia (vencer e vencer) incutida nos jovens, está se tornado um desastre. Desconheço atleta longevo. A maioria morre cedo, tem o corpo deformado ou quando menos, antes do tempo, quando aparecem na TV, parecem ter mais idade do que possuem. Os pobres brasileiros têm no esporte, principalmente o futebol (ou outros esportes de equipe), uma das principais saídas à ascensão social, depois se acabam no esquecimento.
Raríssimo são os que têm um final de vida feliz apesar de uma minoria auferir salários mirabolantes. Muito antes dos psicanalistas os sábios das antiguidades já afirmavam da importância do esporte, como uma maneira de esgotarem-se na ginástica, desejos reprimidos. Lembro-me bem, antes da pílula anticoncepcional e da — moral vitoriana — escoar-se pelo ralo, para se evitar os excessos masturbatórios a Medicina de antanho receitava tanto para os adolescentes do sexo masculino quanto “mais discretamente” às moças exercícios para sublimar a explosão do sexo na adolescência.
Esportes é bom, o problema é como ele é praticado e comercializado no momento. 
Nota: Crônica escrita no dia 2 de outubro de 2009 (dia em que o Brasil ganhou a indicação para sediar os jogos olímpicos) e não havia na ocasião nem Crise nem Zika.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter
Poker Blog