Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Neste momento de crises política e
econômica a Mídia profissional deveria ser mais cautelosa ao noticiar denúncias
surgidas de todas as partes. Sabe-se que mais de 80% das notícias que virilizam
nas mídias sociais têm origem nos próprios profissionais da imprensa. A
influência delas é cada vez mais poderosa e vai muito da tríade: jornal, rádio,
televisão.
Entendo como opinião pública o
conjunto das ideias e dos juízos partilhados pelas pessoas em geral sobre as
mais variadas questões, sejam elas de âmbito político, social, moral, cultural,
econômico, esportivo. Já a pesquisa da opinião pública é um manipulador
perigoso e, pior que tudo, atrevido.
Desde que esses tipos de pesquisas
(?) se tornaram cada vez mais fáceis de serem realizadas, elas intoxicam as
mentes, parecem mais esgotos a céu aberto. Assim, supostas conclusões colhidas
por uma pergunta complexa como: “você é a favor da liberação das drogas?” são
obtidas em menos de vinte e quatro horas, bastando oferecer ao entrevistado as
opções sim, não, ou não sei.
A maioria das respostas é
contabilizada e publicada como a opinião de um grupo ou até de um país, não
importando quem a forneceu, como, e, muito menos, por quê. Outro exemplo:
perguntam se “você é a favor do aborto?”, com respostas sim ou não, e afirmam
que o resultado final é científico. Se o aborto ganhar, o povo é a favor do
abortamento. Muitos dos contrários ao abortamento são a favor da pena de morte
e por aí vai a superficialidade das conclusões alardeadas. Parece até que
algumas verdades tidas pelos marqueteiros como “científicas” valem mais do que
anos e anos de estudo.
Em termos de módulos ditos
científicos (como a física, a química, a matemática) ou ainda para sermos
“científicos” no contemporâneo temos de empregar uma linguagem estatística.
Porém nem sempre isto é factível. Existe muita gente por aí que procura
apadrinhar, com a “opinião pública”, as suas opiniões ou equívocos pessoais.
Vincent de Moro-Giafferi (1878- 1956) advogado criminalista francês dizia:
"Opinião pública, essa prostituta que puxa o juiz pela manga". Nenhum
governo poderá administrar um país orientando-se apenas pela prostituível
opinião pública. Nada contra as prostitutas.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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