domingo, 25 de setembro de 2016

MARAFONA (I) - Pública


Meraldo Zisman (*)

Médico-Psicoterapeuta

Neste momento de crises política e econômica a Mídia profissional deveria ser mais cautelosa ao noticiar denúncias surgidas de todas as partes. Sabe-se que mais de 80% das notícias que virilizam nas mídias sociais têm origem nos próprios profissionais da imprensa. A influência delas é cada vez mais poderosa e vai muito da tríade: jornal, rádio, televisão.

Entendo como opinião pública o conjunto das ideias e dos juízos partilhados pelas pessoas em geral sobre as mais variadas questões, sejam elas de âmbito político, social, moral, cultural, econômico, esportivo. Já a pesquisa da opinião pública é um manipulador perigoso e, pior que tudo, atrevido.

Desde que esses tipos de pesquisas (?) se tornaram cada vez mais fáceis de serem realizadas, elas intoxicam as mentes, parecem mais esgotos a céu aberto. Assim, supostas conclusões colhidas por uma pergunta complexa como: “você é a favor da liberação das drogas?” são obtidas em menos de vinte e quatro horas, bastando oferecer ao entrevistado as opções sim, não, ou não sei.

A maioria das respostas é contabilizada e publicada como a opinião de um grupo ou até de um país, não importando quem a forneceu, como, e, muito menos, por quê. Outro exemplo: perguntam se “você é a favor do aborto?”, com respostas sim ou não, e afirmam que o resultado final é científico. Se o aborto ganhar, o povo é a favor do abortamento. Muitos dos contrários ao abortamento são a favor da pena de morte e por aí vai a superficialidade das conclusões alardeadas. Parece até que algumas verdades tidas pelos marqueteiros como “científicas” valem mais do que anos e anos de estudo.

Em termos de módulos ditos científicos (como a física, a química, a matemática) ou ainda para sermos “científicos” no contemporâneo temos de empregar uma linguagem estatística. Porém nem sempre isto é factível. Existe muita gente por aí que procura apadrinhar, com a “opinião pública”, as suas opiniões ou equívocos pessoais. Vincent de Moro-Giafferi (1878- 1956) advogado criminalista francês dizia: "Opinião pública, essa prostituta que puxa o juiz pela manga". Nenhum governo poderá administrar um país orientando-se apenas pela prostituível opinião pública. Nada contra as prostitutas.

(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

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