Quintino Cunha era um notável poeta. Ficou famoso por motivos menos
nobres é verdade, mas não menos interessantes. As suas respostas ferinas às
provocações, as suas atuações como advogado dos oprimidos e a sua inteligência
invejável e invejada, fizeram dele um mito. Muitas histórias surgiram e foram
atribuídas ao Quintino. Nem todas são verídicas, mas a maioria tem registro.
Aqui estão algumas das mais curiosas e também as suas melhores poesias. Esta
seção pretende fazer justiça ao mérito de Quintino como poeta, já que, como
repentista, é incontestável. Além disso, visa preencher uma lacuna. Até então,
não existia nenhuma alusão ao célebre cearense na internet.
A Repartição
Quintino entra numa repartição
do governo - Comissão de Estradas e Rodagens. O tesoureiro, que, no momento,
contava dinheiro, quis impedir a sua entrada.
- Não pode entrar, aqui é uma Repartição!
- Então cheguei em boa hora. Reparta comigo, diz o poeta.
Mas, o tesoureiro insiste:
- Doutor Quintino, isto aqui é uma comissão!
- Melhor ainda. Diz o poeta. - Quero "comer" também!
(Plautus Cunha - Anedotas do
Quintino)
Fazendinha da
Fome
Quintino, certa feita, foi
convidado a passar um final de semana em uma fazenda de um conhecido. Lá
chegando na sexta-feira à noite foi muito bem recebido pelo dono da casa e
pelos serviçais. Apesar disso, passaram-se as horas e nenhuma comida era
servida. Por volta do horário da ceia foi servido um caldinho de bila (consomê
de feijão verde) acompanhado duma nesga de pão passado na nata, e pronto!
Passou-se assim o sábado, no
mesmo modelo. Porém, com uma noite de apetitosos sonhos com pão de milho no leite
do coco, coalhada, mel de rapadura, carne de sol, um alguidar cheio de farinha
de mandioca e os beijus saindo de dentro, de quebra um copo de quibebe de
murici ou um copo duplo da garapa de cana com limão. Acordou babando. Com as
tripas revirando de fome vestiu as calças pulou a janela e logo no caminho
recitou:
"Adeus
fazendinha da fome
jamais me
verás tu
aqui criei
ferrugem nos dentes
e teia de aranha no cu ".
(Enviada por Eristow Nogueira)
Quintino no
bonde
Quintino entrou no bonde e
procurou lugar para se sentar. Logo viu um assento vago ao lado de uma senhora
com ares muito antipáticos. Mesmo assim resolveu se sentar e educadamente pediu
licença:
- Por favor, posso me sentar?
A senhora olhou para o Quintino
com desdém e perguntou:
- Com esta cara?...
Quintino não se fez de rogado e
respondeu calmamente:
- Não senhora, com está bunda!...
(Do anedotário popular -
Redação: Ceará-Moleque)
Fonte: Internet (circulando por e-mail e sem autoria
definida).
Nota: Muitos causos de Quintino Cunha
foram contados por seu filho Plautus Cunha, no livro Anedotas do Quintino. 16a Edição. Fortaleza-CE: Editora Ângelo
Accetti, 1974.
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