Lúcio Flávio Gonzaga Silva (*)
Nosso irmão, o coronel José Cleber
Gonzaga Silva foi para a casa do Pai neste 18 de janeiro de 2017, após longos
meses de resignação, paciência, grandeza, no enfrentamento incansável, no
combate renhido, dia-pós-dia, face a evolução de sua enfermidade.
Um exemplo de vida a deste homem,
que nada reclamou, ao contrário, tudo aceitou e tudo suportou e tudo enfrentou,
magnânimo, no seu destino final.
Formado na arma de engenharia em
1963 (AMAN e IME) do Exército Brasileiro, que tanto amou, esse verdadeiro
soldado pátrio construiu, em tempos de paz, pontes, edifícios, rodovias, poços,
açudes, aclives, declives, desvios, entretanto e, sobretudo, construiu o
coronel Cleber amizades perenes por todos os quatro cantos de nosso Brasil,
desde Cajazeiras, na Paraíba, Natal, São Gabriel da Cachoeira, no extremo
Norte, Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, Itaitinga, Tabuleiro Grande (lugar
onde nasceu em 1941), Fortaleza (os ex-alunos lembram honrados seu professor do
Colégio Militar, amante da física e das matemáticas).
Homem justo, correto, trabalhador,
empreendedor, ético, amigo, como o definiram as pessoas, espontaneamente,
durante sua missa de corpo presente, inquiridos pelo celebrante, diante de
Deus.
Acompanhamos pari passu os últimos
meses de nosso bravo irmão coronel Cleber, sua força inquebrantável, sua
persistência na imensa luta, sua admirável vontade de viver. Sofreu muito,
resistiu demais, não se acovardou diante de sua moléstia jamais, altivo como um
oficial à estatura de seu porte e coragem, sorria, apesar de suas dores, a
expressar força e nobreza, a todos, o seu exemplo final.
Gostava de música, adorava cantar.
A última canção que deliciamos juntos foi de Lupicínio Rodrigues, na voz
maravilhosa de Elis Regina, enquanto seu filho Carlos Sergio dedilhava alguns
acordes ao violão. A fantástica Cadeira Vazia, do extraordinário músico:
“entra, meu amor, fica à vontade e diz com sinceridade o que desejas de mim…”
Cantou, a voz já não era a mesma dos tempos da saúde, mas era afinada e
testemunhava sua grandiosa fortaleza interior, sua grandiosa vontade de viver.
Seus últimos momentos foram
serenos, tranquilos, em paz, como muito bem o merecia, um presente de Deus nos
seus instantes finais. Depois, muitos se acercavam de mim e proclamavam
unânimes: o seu irmão era uma pessoa singular, um grande amigo.
Para o céu, o coronel que
conquistou, cultivou e regou amizades. Deixa sua marca indelével em nosso
coração e muitas saudades. Foi para o céu o coronel irmão e amigo.
(*) Professor
da Universidade Federal do Ceará (UFC) e conselheiro do Conselho Federal de
Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 28/01/2017. Opinião. p.11.
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