segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Podemos reescrever nossa história melhorando o que já estava bom

Por Pe. Reginaldo Manzotti (*)
Cada novo ano é uma dádiva que Deus nos concede. É como uma página em branco, em que podemos reescrever nossa história, acertando o que estava errado, melhorando o que já estava bom.
Mas nada do que planejamos para este ano fará sentido ou atingirá seu objetivo se não tivermos o que é essencial: paz. A paz não é apenas ausência de guerras - claro que precisamos de paz nas ruas, paz entre as nações. Todos os dias nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito, violência de todo tipo. A vida humana parece não estar valendo mais nada. Porém, me refiro especialmente à paz interior.
Na ânsia pela paz, muitos, na virada do ano, vestiram-se de branco e fizeram simpatias; outros a procuraram onde jamais a encontrarão, porque a paz que o mundo nos oferece é ilusória, é passageira. A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o ‘Príncipe da Paz’. Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar-se e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.
Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, temos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado. Mas Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós, em Jesus assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado. E porque Jesus veio a nós, a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).
O medo é um dos inimigos da paz, porque nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser uma ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física... Fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando. A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz, Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo. Por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.
É preciso ter confiança para combater o medo. É a confiança que fará brotar em nós a esperança, que fará brotar os valores do Reino. Se deixarmos a semente do mal permanecer e alimentarmos o vício do pecado, ele produzirá a morte. Se confiarmos em Jesus e permitirmos que a água que brota do seu coração venha a nós, o fruto da graça germinará.
A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza de que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida!
Um abençoado ano de paz a todos!
(*) Fundador e presidente da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR).
Fonte: O Povo, de 7/1/2017. Espiritualidade/Opinião. p.11.

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