sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A ELEIÇÃO DE TRUMP


Por Affonso Taboza (*)
Louco, paspalho, estúpido são alguns dos adjetivos com que sábios jornalistas brasileiros “ornaram” a figura de Trump, candidato e depois presidente eleito dos EEUU. Até de palhaço ele foi qualificado por escritor latino-americano famoso. Mas será que ele merece essas “honrarias” todas?
Como refresco de memória, duas dicas aos analistas políticos e aos intelectuais agressivos: Trump é bilionário, Trump foi eleito presidente dos EEUU. Arrisco-me a dizer que é a primeira vez, na história da humanidade, que um homem criticado por carregar tantos “defeitos de fabricação” atinge escores tão altos em áreas tão diferentes quanto a política e os negócios. Há muito de ideologia contrariada e parti pris no cérebro desses críticos!
Trump não nasceu bilionário. Seguiu os passos do pai, médio empresário do ramo imobiliário e logo revelou seu descortino e visão. Dirigindo sua própria empresa, focou na região mais rica da cidade, a ilha de Manhattan. Comprou prédios velhos decadentes em áreas nobres e os repaginou, dando-lhes um visual moderno, com vidros espelhados e esquadrias douradas. Um efeito de marketing irresistível. Criou o seu próprio padrão de qualidade. Assim surgiu a Trump Tower, um ícone e uma referência em Nova York. Partiu para o ramo hoteleiro, e logo descobriu que os hotéis mais lucrativos exploravam o jogo, atividade legal. Daí surgiu o Taj Mahal, outro ícone no país. E assim, de vitória em vitória, construiu sua fortuna pensando grande. Ora, ficar bilionário num país competitivo como os EEUU não é tarefa para loucos, paspalhos, estúpidos e palhaços! Menos ainda para uma pessoa que, sozinha, reúna todas essas “qualidades”!
Na política, em seu batismo eleitoral conquistou a presidência do país, lutando contra tudo e contra todos: a grande imprensa, um vistoso segmento de intelectuais e artistas, e até a direção carcomida do seu partido. Louco, paspalho, estúpido, palhaço? Ou uma inteligência rara? Captou os anseios do povo americano, cansado de políticos faz-de-conta. A bordo de seu gigantesco Boeing, sem dever favor “a seu ninguém”, como dizem nossos matutos, varou o país em todos as direções e falou suas verdades, olho no olho e no cérebro dos eleitores. E o povo americano entendeu o foco da mensagem: virar a mesa!
Agora, já nos primeiros dias de governo, trata de cumprir o que prometeu, para surpresa dos que acham que promessas de campanha são meras promessas. Certo, errado, o que ele está fazendo? Ora, ele sabe mais do que eu e você, caro leitor, e mais do que analistas palpiteiros, sobre o que é bom para o seu país. Ele foi eleito porque é brilhante. Ele vê o que nós não vemos.
(*) Oficial Reformado do Exército Brasileiro e membro do Instituto do Ceará Histórico, Geográfico e Antropológico.
Fonte: Publicado In: O Povo. Fortaleza, 1/2/2017. Opinião. p.8.

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