Por Affonso Taboza (*)
Louco, paspalho, estúpido são alguns dos
adjetivos com que sábios jornalistas brasileiros “ornaram” a figura de Trump,
candidato e depois presidente eleito dos EEUU. Até de palhaço ele foi
qualificado por escritor latino-americano famoso. Mas será que ele merece essas
“honrarias” todas?
Como refresco
de memória, duas dicas aos analistas políticos e aos intelectuais agressivos:
Trump é bilionário, Trump foi eleito presidente dos EEUU. Arrisco-me a dizer
que é a primeira vez, na história da humanidade, que um homem criticado por
carregar tantos “defeitos de fabricação” atinge escores tão altos em áreas tão
diferentes quanto a política e os negócios. Há muito de ideologia contrariada e
parti pris no cérebro desses críticos!
Trump não
nasceu bilionário. Seguiu os passos do pai, médio empresário do ramo
imobiliário e logo revelou seu descortino e visão. Dirigindo sua própria
empresa, focou na região mais rica da cidade, a ilha de Manhattan. Comprou
prédios velhos decadentes em áreas nobres e os repaginou, dando-lhes um visual
moderno, com vidros espelhados e esquadrias douradas. Um efeito de marketing
irresistível. Criou o seu próprio padrão de qualidade. Assim surgiu a Trump
Tower, um ícone e uma referência em Nova York. Partiu para o ramo hoteleiro, e
logo descobriu que os hotéis mais lucrativos exploravam o jogo, atividade legal.
Daí surgiu o Taj Mahal, outro ícone no país. E assim, de vitória em vitória,
construiu sua fortuna pensando grande. Ora, ficar bilionário num país
competitivo como os EEUU não é tarefa para loucos, paspalhos, estúpidos e
palhaços! Menos ainda para uma pessoa que, sozinha, reúna todas essas
“qualidades”!
Na política, em
seu batismo eleitoral conquistou a presidência do país, lutando contra tudo e
contra todos: a grande imprensa, um vistoso segmento de intelectuais e
artistas, e até a direção carcomida do seu partido. Louco, paspalho, estúpido,
palhaço? Ou uma inteligência rara? Captou os anseios do povo americano, cansado
de políticos faz-de-conta. A bordo de seu gigantesco Boeing, sem dever favor “a
seu ninguém”, como dizem nossos matutos, varou o país em todos as direções e
falou suas verdades, olho no olho e no cérebro dos eleitores. E o povo
americano entendeu o foco da mensagem: virar a mesa!
Agora, já nos
primeiros dias de governo, trata de cumprir o que prometeu, para surpresa dos
que acham que promessas de campanha são meras promessas. Certo, errado, o que
ele está fazendo? Ora, ele sabe mais do que eu e você, caro leitor, e mais do
que analistas palpiteiros, sobre o que é bom para o seu país. Ele foi eleito
porque é brilhante. Ele vê o que nós não vemos.
(*) Oficial Reformado do Exército Brasileiro
e membro do Instituto do Ceará Histórico, Geográfico e Antropológico.
Fonte: Publicado In: O Povo.
Fortaleza, 1/2/2017. Opinião. p.8.
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