domingo, 13 de agosto de 2017

O PAPEL DO ECONOMISTA


Por Mansueto Almeida (*)

Uma empresa para ser competitiva precisa, além de uma boa gestão, de economistas que ajudem na estratégia de financiamento

Há hoje um grande debate sobre o futuro do nosso País. O Brasil, que sempre foi um país jovem até 2000, vem passando por um rápido processo de envelhecimento. A proporção de pessoas com 65 anos ou mais de idade em relação à população de 15 a 64 anos passará de 14%, em 2017, para 48% em 2060.
Em pouco mais de 40 anos, o Brasil será um país com estrutura demográfica semelhante ao Japão de hoje, um dos países com maior proporção de pessoas idosas do mundo.
O que acontecerá com a despesa pública ao longo desse rápido processo de mudança demográfica? O que precisamos fazer para evitar uma queda do crescimento econômico potencial?
As respostas a essas e outras perguntas são exemplos de desafios para um economista seja do setor público, seja do privado. No setor público, o papel de um economista nem sempre é tomar decisão, mas, sim, explicar os dilemas decorrentes de escolhas difíceis.
Por exemplo, se não fizermos uma reforma da Previdência, o Brasil gastará mais de 20% do seu PIB, em 2060, apenas para pagar aposentadorias e pensões. Isso exigirá um forte aumento da carga tributária e, ainda assim, faltarão recursos públicos para possibilitar a expansão da saúde pública.
Não menos importante é o papel de um economista no setor privado. Uma empresa para ser competitiva precisa, além de uma boa gestão, de economistas que ajudem na estratégia de financiamento, na gestão do caixa e na estratégia de crescimento frente a diversos cenários incertos.
Um bom economista ajuda empresas a tomarem decisões corretas frente a um futuro incerto, e o sucesso de um economista em uma empresa privada aparecerá na geração de empregos, no lucro e também na arrecadação de impostos, que será essencial como fonte de recursos para diversos programas de políticas públicas.
Sem dúvida, a principal tarefa do economista, seja no setor público, seja no privado, é mostrar o melhor uso de recursos escassos, um desafio importante ainda mais em um país como o Brasil, com carga tributária de 32,5% do PIB - uma carga elevada para o nosso nível de desenvolvimento.
Desejo aos economistas um feliz 13 de agosto, o dia do economista. Que essa data sirva para que todos nós façamos uma profunda reflexão de como podemos contribuir para que todos entendam os desafios das reformas que este País terá de fazer, pois apenas com o apoio da população conseguiremos aprovar as reformas econômicas necessárias para construir as bases do crescimento sustentável que economistas e não economistas desejam.
(*) Economista, mestre em Economia e secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.
Fonte: O Povo, de 12/08/2017. Opinião. p.11.

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