sexta-feira, 17 de agosto de 2018

AOS VIVOS: Asfalto com farinha e outros causos


Por jornalista Tarcísio Matos, de O Povo
Asfalto com farinha
Empolgado com a possibilidade de reeleger-se tão-somente pavimentando os trechos mais críticos da cidade, Maria Sem Juízo, nos derradeiros 30 dias de campanha, era incansável. Nem aí pra lei eleitoral. Onde estivessem um caminhão com a farinha preta do asfalto e funcionários da prefeitura deitando piche no chão, lá ela chegava com a ruma de assessores, contando vantagens da administração.
À sombra da castanholeira em frente à casa de João Peba, encontramos Maria. Aponta o dedão pra lá e pra cá, se mete no serviço dos profissionais, instrui sobre como fazer mais rápido e melhor o recapeamento em andamento. Notando que João Peba cubava o movimento da janela, enquanto o asfalto descia fumegante da caçamba, conta que rua pavimentada é mais saúde, educação, emprego, segurança, paz. O velho e bruto morador desconcorda.
- Asfalto, dona prefeita. Homi, nós qué coisa que ‘inhencha’ barriga!!!
Maria Sem Juízo pode não ser boa administradora, mas é espirituosa.
- O senhor é que pensa! Aproveite enquanto ele tá quentinho!!!
Caba moleque!
Quem é usuário de transporte público sabe: coisa melhor do mundo é ônibus abundante na porta de casa e com lugar disponível pra sentar. Ainda mais agora, que muitos têm ar condicionado. A propósito, Jair Morais desce três, quatro, cinco paradas adiante da dele só por causa da frescurinha boa lá dentro.
O que nos leva de novo ao tema? Algo correlato, mas de pouca análise pelos sociólogos da coletividade: a forma como as pessoas dão sinal pro motorista parar. Acenos de todo tipo. Uns fazem o tradicional ok; outros esticam o dedo fura-bolo e se danam naquele sobe-desce incansável; há quem dê tchau; e até quem vá pro meio da pista gesticular com os braços abertos, como a pedir socorro.
Um jeito novo e moleque de dirigir-se ao motorista (“pedido de colega, pare!”) foi inaugurado ontem na Vila Manuel Sátiro. O sujeito acenou pro guiador parar com o gesto tradicional do “aí dentro!” moleque cearense. Se o chofer atendeu? Botou foi a mão pra fora e deu cotoco, rematando com outra fulerage – deu pra entender pela leitura labial:
- Fí de rapariga liso!
As forças obscuras do intestino
Me perdoem se eu insisto nessa tema / Mas não sei fazer poema ou canção / Que fale de outra coisa que não seja...” Lembra Antônio Carlos e Jocafi? Pois me desculpem a insistência, mas é que não posso deixar passar em branco mais esta (quase) cagada do João Mário Cangati. Qual a da hora?
Deu-lhe a vontade insana de obrar enquanto dirigia. Ligeiro parou o carro e como um raio tibungou no WC da primeira churrascaria aberta. Pelos cálculos da necessidade, era despacho pra 8 quilos. Mas, ó surpresa: nada saiu dos intestinos. “Nem um peidim em 20 minutos de tentativas!”. Simplesmente passou a vontade.
João Mário Cangati inconformado. De dentro do banheiro, verbera sem pena:
- Isso é inadmissível! Como é que se tem uma vontade dessas, para o carro em local proibido, adentra à porra dum banheiro imundo e nem um sinal!!! Nããã!!!
Fonte: O POVO, de 1º/10/2016. Coluna “Aos Vivos”, de Tarcísio Matos. p.8.

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