domingo, 14 de outubro de 2018

A IGREJA É JOVEM


Por Pe. Eugênio Pacelli SJ
O Papa Francisco, após consulta às Conferências Episcopais, estabeleceu que a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro, terá como tema a juventude, e discutirá "Os jovens, a fé e o discernimento vocacional".
A Igreja põe-se à escuta da realidade dos jovens para o discernimento Evangélico sobre a realidade atual. A pós-modernidade exerce influência sobre os jovens, que sentem o dilaceramento da experiência do vazio de sentido da sociedade consumista e hedonista e absoluta falta de horizonte amplo de sentido a ser encontrado em Deus.
Há no coração dos jovens um desejo de encontro com o sentido de todos os sentidos, pois, quanto mais a sociedade mergulha no oceano infindável do materialismo, utilitarismo e pragmatismo reinante, mais alto a juventude clama pela Transcendência. O Papa se propõe ouvi-los e discernir questões à luz do Evangelho e da missão da Igreja.
Francisco já tem em mãos o texto que vai orientar o encontro, fruto de trabalho realizado entre a equipe do evento e jovens de vários locais do mundo, que reuniram respostas à pergunta: que Igreja os jovens desejam? Resposta clara e direta: transparente, acolhedora, acessível, alegre, interativa, menos institucional, mais relacional, que acolha sem julgar previamente e misericordiosa. O documento evidencia que muitos jovens católicos não seguem as orientações da moral sexual da Igreja. Sugerem que ela deve debater sem preconceitos, temas controversos: anticoncepcionais, homossexualidade, aborto, casamento, além daqueles que os jovens já discutem: novas tecnologias, migrações, desemprego, novas escravidões e o papel da mulher. Há também quem nada peça à Igreja, ou apenas ser deixado em paz, considerando-a presença inútil, que "incomoda e irrita". Os jovens pedem que a Igreja reforce sua política tolerância zero contra abuso sexual na instituição e justifique posições doutrinais e éticas frente à sociedade. Os jovens querem que ela brilhe por sua coerência, competência, corresponsabilidade e compartilhe sua realidade, não apenas sermões.
(*) Padre jesuíta e mestre em Teologia.
Fonte: O Povo, de 1/9/2018. Opinião. p.18.

Nenhum comentário:

Postar um comentário