Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
O Papa Francisco, após consulta às Conferências Episcopais,
estabeleceu que a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em
outubro, terá como tema a juventude, e discutirá "Os
jovens, a fé e o discernimento vocacional".
A Igreja
põe-se à escuta da realidade dos jovens para o discernimento Evangélico sobre a
realidade atual. A pós-modernidade exerce influência sobre os jovens, que
sentem o dilaceramento da experiência do vazio de sentido da sociedade
consumista e hedonista e absoluta falta de horizonte amplo de sentido a ser
encontrado em Deus.
Há no
coração dos jovens um desejo de encontro com o sentido de todos os sentidos,
pois, quanto mais a sociedade mergulha no oceano infindável do materialismo,
utilitarismo e pragmatismo reinante, mais alto a juventude clama pela
Transcendência. O Papa se propõe ouvi-los e discernir questões à luz do
Evangelho e da missão da Igreja.
Francisco
já tem em mãos o texto que vai orientar o encontro, fruto de trabalho realizado
entre a equipe do evento e jovens de vários locais do mundo, que reuniram
respostas à pergunta: que Igreja os jovens desejam? Resposta clara e direta:
transparente, acolhedora, acessível, alegre, interativa, menos institucional,
mais relacional, que acolha sem julgar previamente e misericordiosa. O
documento evidencia que muitos jovens católicos não seguem as orientações da
moral sexual da Igreja. Sugerem que ela deve debater sem preconceitos, temas
controversos: anticoncepcionais, homossexualidade, aborto, casamento, além
daqueles que os jovens já discutem: novas tecnologias, migrações, desemprego,
novas escravidões e o papel da mulher. Há também quem nada peça à Igreja, ou
apenas ser deixado em paz, considerando-a presença inútil, que "incomoda e
irrita". Os jovens pedem que a Igreja reforce sua política tolerância zero
contra abuso sexual na instituição e justifique posições doutrinais e éticas
frente à sociedade. Os jovens querem que ela brilhe por sua coerência,
competência, corresponsabilidade e compartilhe sua realidade, não apenas
sermões.
(*)
Padre jesuíta e mestre em Teologia.
Fonte: O Povo, de 1/9/2018.
Opinião. p.18.
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