quinta-feira, 10 de outubro de 2019

TELEMEDICINA: do WhatsApp à Alexa


Por Márcia Alcântara Holanda (*)
Apresentei aqui um acompanhamento médico à distância, via WhatsApp, para controle da asma (Da cadeira ao WhatsApp - O POVO 08/04/2019). Imagine agora que você adoeceu com tosse, dor no peito, febre e dificuldade de respirar. Liga seu celular, toca no aplicativo "Alexa Medicina", a assistente digital da Amazon, do ramo da saúde, e a chama pela voz. Ela surgirá, cumprimentar-lhe-á perguntando, em que pode lhe ajudar. Você se identifica, dá sua biometria e fala o que sente. Ela pede que exiba seu tórax para a câmera do celular e que toque na tela com a digital do indicador. Pronto: Ela sistematizará os sintomas, imagens, saturação do oxigênio no sangue, e em segundos responderá: - Você tem pneumonia, sua respiração está 10% mais acelerada, a temperatura é de 38.9º e a saturação da hemoglobina é normal.
Alexa hoje é a maior assessora da soberana Clínica Médica. Ela já faz parte do atendimento a usuários do Sistema Nacional de Saúde da Inglaterra e da China. É considerada importantíssima para a Atenção Primária, pois diagnostica a maioria das doenças das pessoas nos primeiros atendimentos, e as orienta sobre que conduta tomar.
Realidade a parte, imagine agora, que as triagens das emergências e atendimentos à distância, do nosso Brasil, fossem feitos pela Alexa. Provavelmente os custos e as filas se reduziriam. Os deslocamentos longínquos, também.
É grande a segurança dos dados dela, pela exatidão e manejo, originários de pesquisas devidamente construídas pela ciência, lançadas em bancos de dados, cujo sistema de Inteligência Artificial dos computadores processam. A máquina então estrutura os pensamentos e comportamentos humanos adequados a fatos médicos, como o citado.
De Hipócrates a Laenec, passando por Osler, pais da Medicina Clínica, os sintomas e sinais continuam soberanos mesmo pela Alexa. Portanto essa é uma evolução médica, que promete respeito à soberania clínica, no atendimento imediato e seguro, porque é aliada ao saber humano. Resta-nos aceitar com parcimônia nessa evolução tecnológica e dela fazermos bom uso.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/09/2019. Opinião. p.22.

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