Francisco de Assis Carvalho
Cajazeiras (*)
O advento do Natal tem o dom de nos encher de esperanças
renovadas em um mundo melhor, onde a fraternidade, a paz, o amor e o respeito
pela vida sejam a tônica do existir no planeta.
Parece utopia nesses momentos de
desgoverno, de desequilíbrio e desamor.
O homem, o ser humano, está
perdido em seu mundo de egoísmo, aprisionado em celas limitantes que o fazem
sofrer. A dor é a divina experiência capaz de calar no fundo da alma, do que se
aflige revelando-lhe o significado e lhe favorecendo o entendimento da
experiência terrena. Por isso, o sofrimento parece universal na superfície do
nosso orbe que se encontra no ponto mais alto de uma ebulição de costumes, no
cadinho doloroso das provas.
Mas é chegado o Natal! A presença
de Jesus feito criança graciosa, singela e simples tem o pendor de tocar
emoções e de favorecer clima mais solidário e mais próximo do sentimento do
bem.
É pena, porém, que ajam permutando
essa lembrança do nosso inconsciente que se espelha e se exterioriza com o
assinalar do calendário em uma festa que em tudo lembra as pagãs, em todos os
seus interesses mundanos.
Mas os cristãos, temos o dever de
deixar vir essa imagem para, exultantes, reforçarmos o nosso desejo de
colaborar na construção daquele aparente mundo utópico: a criança divina, o
berço de palha ladeado pelos animais do estábulo na sua suavidade e
desprendimento.
Isso já deve levar-nos a refletir
no usufruto dos bens materiais, na avidez de riquezas que a traça e a ferrugem
corrompem, com risco de roubo pelos ladrões.
No silêncio da noite estrelada, na
adoração dos pastores, dos mais simples de coração e com a presença de toda
corte de espíritos angélicos, aprendamos a valorizar a simplicidade da vida, a
quietude da consciência sem mácula e nos desdobrarmos para finalmente nos
tornarmos cristãos de fato e de direito.
Unamos os nossos corações na
sintonia da ventura pela beleza da vida e pela promessa cumprida do enviado de
Deus.
Vivamos o Natal, digno de sua
efeméride magna.
Abençoe-nos esse Mestre
incomparável!
(*) Médico.
Presidente do Instituto de Cultura Espírita do Ceará (Foto: Francisco Cajazeiras)
Fonte: O Povo, 21 de dezembro de
2019. Opinião. p.20.
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