Por Pe. Eugênio
Pacelli SJ
(*)
O Natal
chegou! Para muitos, noite de alegria que evoca as mais belas recordações
pessoais e familiares. Para outros, Natal tem sabor de tristeza porque sentem o
isolamento, a solidão, os diversos dramas e provações da vida. Outros reduzem o
Natal à mera festa de consumismo para preencher, por vezes, o vazio interior.
Seduzidos por apelos vindos de fora nos esvaziamos, tornamo-nos
"líquidos", perdemos a interioridade, afastando-nos do horizonte de
sentido.
Em tempos de corações tão
inquietos, sufocados por interesses consumistas que manipulam o sentido e os
símbolos religiosos, somos convidados a recuperar o verdadeiro sentido desta
data, celebrar o mistério de Deus que se realiza no interior de uma gruta, e se
deixa ver pelos olhos simples da fé, pelo coração manso e humilde de quem
espera o Salvador. Em Belém, Deus se faz criança. Esta criança é a Salvação
prometida, agora realizada no meio de nós. Na fragilidade desta criança se
esconde e se revela a grandeza divina. O menino nos mostra que nosso Deus não é
um mito, não é um conceito, mas um amor encarnado, que pode ser visto e
saboreado. Deus torna-se tão próximo que o podemos ver e tocar. Ele é Emanuel.
Toquemos, portanto, a humildade e a humanidade de Deus. Ele é Deus-conosco,
feito um de nós, não infunde medo, não é deus juiz, severo, cruel e distante.
Deus Menino que torna visível a misericórdia, o amor e a proximidade.
Que neste Natal, inspirados no
Menino, encontremos em cada um de nós a reserva de bondade e solidariedade que
o Natal revela. Deus, ao se fazer humano, revela o que há de mais nobre em nós:
nossa humanidade. Ser humano é ser para os outros, romper o egoísmo e fazer do
amor a pauta do agir. A solidariedade nos faz mais parecidos com Deus. É tempo
de alimentar sonhos, semear esperança e acreditar que um novo mundo é possível.
Hoje a gruta é tua casa. Reúne,
portanto, tua família e descobre a divindade que se humanizou nos gestos de
aconchego, solidariedade, amor, paz e fé. Neste Natal, deixe-se envolver pelas
surpresas do Deus feito criança. Feliz Natal!
(*) Sacerdote jesuíta e mestre em
Teologia.
Fonte: O Povo, 21 de dezembro de
2019. Opinião. p.20.
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