segunda-feira, 18 de maio de 2020

MUDANÇAS PÓS-CORONAVÍRUS


Por Lauro Chaves Neto (*)
Os impactos sociais e econômicos da combinação da pandemia com a desaceleração econômica tendem a ser dramáticos para a sociedade, e as suas consequências vão nos afetar por meses, provavelmente, anos. Além de ser uma crise na saúde pública, o coronavírus já infectou, simultaneamente, a economia e acionou o risco de uma depressão global.
Yuval Noah Harari afirma que: "Embora uma quarentena temporária seja essencial para deter epidemias, o isolacionismo prolongado conduzirá ao colapso econômico sem oferecer nenhuma proteção real contra doenças infecciosas. Muito antes pelo contrário; o verdadeiro antídoto para epidemias não é a segregação, mas a cooperação".
Atualmente, pesquisadores cooperam internacionalmente e já conseguem diagnosticar tanto o mecanismo por trás das epidemias, quanto os modos de combatê-las. Enquanto nunca puderam descobrir a causa da peste negra, os cientistas, hoje, levaram apenas duas semanas para identificar o novo coronavírus, sequenciar seu genoma e desenvolver um teste confiável para detectar pessoas infectadas.
A sociedade industrial havia separado o local de vida do de trabalho, destinando um tempo maior para este último e deixando uma parte, relativamente pequena, para a família, os amigos e os cuidados com a própria saúde. O isolamento social virou a chave do trabalho remoto, obrigando as pessoas a uma convivência intensa que pode ser tranquilizadora e agradável para uns, ou violenta e insuportável para outros.
O espaço nas cidades vazias parece ter-se dilatado enquanto nas residências se tornado escasso. A internet permite tanto os encontros virtuais, quanto a propagação de fake news. A Peste, de Albert Camus, ajuda a se fazer uma reflexão a respeito de epidemias, pois, naquele romance, a ciência tinha um lugar de destaque, através do médico Riuex, que tentava, persistentemente, socorrer os contagiados, enquanto "o cheiro da morte emburrecia a todos os que não matava".
Não existe saúde sem economia e nem economia sem saúde, são duas faces da mesma moeda, sempre sabendo que haverá uma árdua reconstrução, pós-crise, em um mundo diferente!
(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 13/4/20. Opinião. p.18.

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