Por Lauro Chaves Neto (*)
Os impactos sociais e econômicos da combinação da
pandemia com a desaceleração econômica tendem a ser dramáticos para a
sociedade, e as suas consequências vão nos afetar por meses, provavelmente,
anos. Além de ser uma crise na saúde pública, o coronavírus já infectou,
simultaneamente, a economia e acionou o risco de uma depressão global.
Yuval Noah Harari afirma que: "Embora uma
quarentena temporária seja essencial para deter epidemias, o isolacionismo
prolongado conduzirá ao colapso econômico sem oferecer nenhuma proteção real
contra doenças infecciosas. Muito antes pelo contrário; o verdadeiro antídoto
para epidemias não é a segregação, mas a cooperação".
Atualmente, pesquisadores cooperam
internacionalmente e já conseguem diagnosticar tanto o mecanismo por trás das
epidemias, quanto os modos de combatê-las. Enquanto nunca puderam descobrir a
causa da peste negra, os cientistas, hoje, levaram apenas duas semanas para
identificar o novo coronavírus, sequenciar seu genoma e desenvolver um teste
confiável para detectar pessoas infectadas.
A sociedade industrial havia separado o local de
vida do de trabalho, destinando um tempo maior para este último e deixando uma
parte, relativamente pequena, para a família, os amigos e os cuidados com a
própria saúde. O isolamento social virou a chave do trabalho remoto, obrigando
as pessoas a uma convivência intensa que pode ser tranquilizadora e agradável
para uns, ou violenta e insuportável para outros.
O espaço nas cidades vazias parece ter-se dilatado
enquanto nas residências se tornado escasso. A internet permite tanto os
encontros virtuais, quanto a propagação de fake news. A Peste, de Albert Camus,
ajuda a se fazer uma reflexão a respeito de epidemias, pois, naquele romance, a
ciência tinha um lugar de destaque, através do médico Riuex, que tentava,
persistentemente, socorrer os contagiados, enquanto "o cheiro da morte
emburrecia a todos os que não matava".
Não existe saúde sem economia e nem economia sem
saúde, são duas faces da mesma moeda, sempre sabendo que haverá uma árdua
reconstrução, pós-crise, em um mundo diferente!
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte:
O Povo,
de 13/4/20. Opinião. p.18.
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