quinta-feira, 20 de agosto de 2020

EPIDEMIAS E SISTEMAS DE SAÚDE

Por Paulo Sérgio Arrais (*)
No passado (1889, 1918, 1957, 1968) foram registradas várias pandemias de gripe e milhares de mortes. Entretanto, eram épocas influenciadas por guerras, revoluções, fome, falta de saneamento básico e doenças (tifo, peste, tuberculose, varíola).
No século XIX e início do século XX, a seca, a fome e as doenças infectocontagiosas (varíola, febre amarela, cólera, sarampo), já foram os maiores problemas de saúde pública em nosso Estado, matando milhares de pessoas, principalmente os mais vulneráveis. O êxodo de pessoas para a capital, em busca de emprego, comida e cuidados levou ao colapso do sistema. O Ceará não possuía sistema de saúde organizado e os governantes não deram a atenção devida as pessoas, isolando-as nos lazaretos (grandes galpões), onde lutavam pela vida ou deixavam levar-se pela morte. Em outros momentos, as ações implementadas foram radicais e a população, em muitas ocasiões, mostrou grande resistência contra o esforço governamental.
Em pleno século XXI, outras epidemias, como a da Covid-19, voltam a assombrar. Olhando para o passado e vislumbrando o presente podemos constatar que muitas coisas mudaram, principalmente no que diz respeito a organização do sistema de saúde, onde contamos com o Sistema Único de Saúde (SUS), a Vigilância em Saúde (Epidemiológica, Sanitária, Ambiental e do Trabalhador), laboratórios oficiais para a produção de vacinas e medicamentos, a disponibilidade de novas tecnologias médicas, que auxiliam no diagnóstico de doenças, e de medicamentos e vacinas ofertados através da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais e suas congêneres nos estados e municípios, do avanço gradativo do saneamento básico e nas melhores condições de vida. As críticas ao SUS são frequentes, mas o sistema tem se mostrado necessário e resolutivo. É uma luta que não pode sofrer descontinuidade.
(*) Doutor em Saúde Pública e professor da UFC.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 7/07/2020. Jornal do Leitor. p.17.

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