Por Paulo Sérgio
Arrais (*)
No
passado (1889, 1918, 1957, 1968) foram registradas várias pandemias de gripe e
milhares de mortes. Entretanto, eram épocas influenciadas por guerras,
revoluções, fome, falta de saneamento básico e doenças (tifo, peste,
tuberculose, varíola).
No
século XIX e início do século XX, a seca, a fome e as doenças
infectocontagiosas (varíola, febre amarela, cólera, sarampo), já foram os
maiores problemas de saúde pública em nosso Estado, matando milhares de
pessoas, principalmente os mais vulneráveis. O êxodo de pessoas para a capital,
em busca de emprego, comida e cuidados levou ao colapso do sistema. O Ceará não
possuía sistema de saúde organizado e os governantes não deram a atenção devida
as pessoas, isolando-as nos lazaretos (grandes galpões), onde lutavam pela vida
ou deixavam levar-se pela morte. Em outros momentos, as ações implementadas
foram radicais e a população, em muitas ocasiões, mostrou grande resistência
contra o esforço governamental.
Em
pleno século XXI, outras epidemias, como a da Covid-19, voltam a assombrar.
Olhando para o passado e vislumbrando o presente podemos constatar que muitas
coisas mudaram, principalmente no que diz respeito a organização do sistema de
saúde, onde contamos com o Sistema Único de Saúde (SUS), a Vigilância em Saúde
(Epidemiológica, Sanitária, Ambiental e do Trabalhador), laboratórios oficiais
para a produção de vacinas e medicamentos, a disponibilidade de novas
tecnologias médicas, que auxiliam no diagnóstico de doenças, e de medicamentos
e vacinas ofertados através da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais e
suas congêneres nos estados e municípios, do avanço gradativo do saneamento
básico e nas melhores condições de vida. As críticas ao SUS são frequentes, mas
o sistema tem se mostrado necessário e resolutivo. É uma luta que não pode
sofrer descontinuidade.
(*) Doutor em Saúde Pública e
professor da UFC.
Fonte: Publicado
In: O Povo, de 7/07/2020. Jornal do Leitor. p.17.
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