Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)
O padre Antônio Vieira nasceu no dia 6 de fevereiro de 1608, em
Lisboa, e faleceu na Bahia, no dia 17 de julho de 1697, com 89 anos de idade.
Dividiu seu coração com Portugal e o Brasil, sendo reconhecido por muitos
estudiosos e intelectuais, inclusive Fernando Pessoa, como o maior filósofo,
teólogo, intelectual e orador luso-brasileiro de todos os tempos. Além de 200
sermões e mais de 500 cartas, produção reunida em 16 e 3 volumes,
respectivamente, na edição de Coimbra (1925-1928), redigiu o “Clavis Prophetarum”,
livro de profecias inconcluso. O Sermão da Sexagésima, ou do Evangelho, dentre
alguns que tivemos a oportunidade de ler, evidencia a forma barroca de sua
linguagem, consubstanciando conceitos religiosos baseados na Filosofia
Escolástica, como também na consciência pós-renascentista. A contribuição
literária e as atividades do padre Antônio Vieira levaram em consideração temas
relevantes para Portugal e o Brasil, tais como: a defesa dos cristãos novos (judeus
que não eram aceitos pela Inquisição); oposição rigorosa à Inquisição; a luta
contra os holandeses, visando manter a integridade do território brasileiro,
notadamente, de Pernambuco e Bahia, regiões desejadas em razão da grande
produção de açúcar; proteção aos índios do Maranhão, que o chamavam de “Paiaçu” (Grande pai,
em tupi), e aos escravos africanos mantidos, de forma desumana, na Bahia.
Missionário da Companhia de Jesus, teve ainda papel significativo como
conselheiro político dos governantes da nação portuguesa. Vale destacar, em
suas obras, o seu sólido pensamento teológico e filosófico. Sempre que lemos o
Sermão da Sexagésima, lembramo-nos dos Evangelhos de São Lucas, 8, 11 e de São
Mateus, 13, 3: “Semen est verbum Dei” (A semente é a palavra de Deus) e “Ecce exiit qui seminat seminare (Eis que o
semeador saiu a semear), respectivamente.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do
Ceará.
Fonte: Diário
do Nordeste, Ideias. 2/10/2020.
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