"Um peidim véi de nada!"
Papai
Zé ("môco das ôiça") e mamãe Terezinha (com "dificulidade"
de paciência) assistindo à missa pela televisão no domingo. Padre à certa hora
fala dos presentes (ouro, incenso e mirra) levados ao menino Jesus por
Belchior, Baltasar e Gaspar.
- São os seis "Reis magros".
- Isso tudo, Zé? Não eram três?
Quem
disse que papai perde a pose de sabichão?
- Por conta da agenda, não compareceram Ednardo,
Fagner e Petrúcio!
Mudanças substanciais
Tio
Manezim da Barra do Ceará tem bom falar, pelo menos para o próprio uso. Defende
que se a paciência é a característica da pessoa paciente, e a existência é o
estado de quem está vivo (existente), então...
- "Crência" é a ação de crer do crente e
"presência", o fato de a pessoa estar presente.
PS:
Em matéria de preparo de alimentos ao fogo (cozimento, cozedura), tem ponto de
vista formado e não abre nem prum trem carregado de panelada fria:
- Cozido é só aferventado, e cozinhado é o cozido
em sete águas.
Bené, o viúvo
Ficou
com ele a responsabilidade de criar os quatro filhos que teve com Joaninha. Não
bastasse a ausência da mulher, eram brigados com Bené por terem nascido feios.
De mal com o pai havia 10 anos. Não suportando o ar querelante dentro de casa,
reuniu os meninos para o que julgou fosse a solução do impasse.
- Vocês terão de passar por um recall.
- Ricól? Diabeisso? - perguntaram em uníssono.
- "Solicitação de devolução de um lote ou de
uma linha inteira de produtos feita pelo próprio fabricante, quando descobertos
problemas de segurança do produto".
- Sererá???
- reperguntaram duma chibatada.
- Antônio nasceu com um calombo no abano da urêa.
Tico veio sem ridimunho na cabeça. Manel teu dois imbigo. E Zé Paulo, quedê
nascer cabelo nas parte?
- E aí, seu Bené???
- E aí que a mãe de vocês deve de tá só ouvindo a
conversa...
A amável cartinha do Professor Jari
"Prezado
jornalista, a coisa não tá boa pra pobre. Vieram me vender um plano funerário e
perguntaram se eu preferia com ou sem formigueiro. Não adquiri porque minha
mulher é mais segura que catarro de menino de 12 anos. Sem contar que no cartão
do vendedor tinha uma frase atribuída a Malaquias, que duvido muito seja dele:
'A vida é como papel higiênico, uma hora vai acabar nos dedos!'
Ao
demais, fico com Suassuna: 'O homem é um coqueiro, botando seus cocos'".
Quando é pra morrer, num tem jeito
Zé
Galope levou quatro tiros aos 20 anos e escapou; por volta dos 35, mais três
balaços e continuou na carne. Acidentes automobilístico foram 12, saindo todo
lascado, mas com vida. Ainda teve queda de avião, telhado na cabeça, facadas
(19), coice de jumenta no saco (22), raio na croa da cabeça (120) e 78 surras
da polícia, com semanas na UTI. Até que no domingo passado conseguiu morreu.
Engasgado
com um caroço de manga coité.
Fonte: O POVO, de 21/02/2020.
Coluna “Crônicas”, de Tarcísio Matos.
p.2.
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