Por Nilson Diniz (*)
E
continua a recomendação - enquanto não tem imunização para a população - de
continuar com as medidas protetivas: manter o distanciamento social, higienizar
as mãos, usar máscara, evitar aglomerações e fazer frequentemente a testagem,
um item decisivo; quanto mais casos identificados, mais acertada e rapidamente
podemos impedir a contaminação doutras pessoas.
Sobre
imunização, o Brasil é referência mundial no setor, temos um Programa Nacional
de Imunização fantástico, e a rede maravilhosa do SUS. Embora com 5.568
municípios, conseguimos mobilizar a população e imunizá-la, por meio das estruturas
disponíveis e a qualificação dos profissionais. A questão é que o Governo
Federal não assumiu o protagonismo, ficou patinando.
Sem
rumo, deixou de atuar ativamente, em tempo hábil, na medida em que poderia ter
feito reservas, comprado insumos e vacinas, promovido reuniões, planejado,
agido para a vacinação ser logo liberada, com produção em larga escala. Nesse
vácuo, o governador de São Paulo entrou na briga, definiu ações, ganhou
notoriedade em relação à iniciativa da imunização, que não é de um estado ou de
municípios ricos, mas um processo coletivo.
Os
danos decorrentes do negacionismo científico, da negligência em combater a
pandemia provocaram tamanho desgaste que, sob forte pressão do poder econômico
e do ponto de vista político, o governo apressou-se em marcar dia e hora para o
início da vacinação, abrindo diálogo com setores da sociedade. O ministro da
Saúde, que igualmente introjetara o discurso da "gripezinha" (que já
matou mais de 200 mil brasileiros), viu-se obrigado a se bulir, motivado não
apenas pelas perdas humanas.
O
poder central poderia ter trabalhado, de há muito, para garantir que mais
vacinas fossem adquiridas e autorizadas, colocando institutos, fundações e
laboratórios particulares para produzi-las. Por tratar-se da Coronavac (50% de
efetividade), é vacinação em massa; teoricamente, precisaremos, no mínimo, de
480 milhões de unidades, são duas doses.
Impossível,
pois, barrar o estouro da vacinação, que em 2021 terá a maior ação do gênero da
história, a "que atropela indiferente todo aquele que a negue".
(*)Médico, presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará
(Aprece) e prefeito de Cedro.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/1/2021. Opinião.
p.16.
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