quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

PRA VACINAR EM TEMPO RECORDE, TODOS!

Por Nilson Diniz (*)

E continua a recomendação - enquanto não tem imunização para a população - de continuar com as medidas protetivas: manter o distanciamento social, higienizar as mãos, usar máscara, evitar aglomerações e fazer frequentemente a testagem, um item decisivo; quanto mais casos identificados, mais acertada e rapidamente podemos impedir a contaminação doutras pessoas.

Sobre imunização, o Brasil é referência mundial no setor, temos um Programa Nacional de Imunização fantástico, e a rede maravilhosa do SUS. Embora com 5.568 municípios, conseguimos mobilizar a população e imunizá-la, por meio das estruturas disponíveis e a qualificação dos profissionais. A questão é que o Governo Federal não assumiu o protagonismo, ficou patinando.

Sem rumo, deixou de atuar ativamente, em tempo hábil, na medida em que poderia ter feito reservas, comprado insumos e vacinas, promovido reuniões, planejado, agido para a vacinação ser logo liberada, com produção em larga escala. Nesse vácuo, o governador de São Paulo entrou na briga, definiu ações, ganhou notoriedade em relação à iniciativa da imunização, que não é de um estado ou de municípios ricos, mas um processo coletivo.

Os danos decorrentes do negacionismo científico, da negligência em combater a pandemia provocaram tamanho desgaste que, sob forte pressão do poder econômico e do ponto de vista político, o governo apressou-se em marcar dia e hora para o início da vacinação, abrindo diálogo com setores da sociedade. O ministro da Saúde, que igualmente introjetara o discurso da "gripezinha" (que já matou mais de 200 mil brasileiros), viu-se obrigado a se bulir, motivado não apenas pelas perdas humanas.

O poder central poderia ter trabalhado, de há muito, para garantir que mais vacinas fossem adquiridas e autorizadas, colocando institutos, fundações e laboratórios particulares para produzi-las. Por tratar-se da Coronavac (50% de efetividade), é vacinação em massa; teoricamente, precisaremos, no mínimo, de 480 milhões de unidades, são duas doses.

Impossível, pois, barrar o estouro da vacinação, que em 2021 terá a maior ação do gênero da história, a "que atropela indiferente todo aquele que a negue". 

(*)Médico, presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e prefeito de Cedro.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/1/2021. Opinião. p.16.

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