Por Carlile Lavor (*)
Entre
os progressos alcançados no enfrentamento de epidemias estão duas instituições
centenárias brasileiras criadas para a produção de insumos para a saúde
pública: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Governo Federal, e o
Instituto Butantan, do Estado de São Paulo. Elas acompanham a fabricação e os
testes de duas vacinas entre as mais promissoras para a prevenção da Covid-19,
garantindo que tenhamos uma produção nacional segura. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) é recente, nascida em 1999. Tem a
responsabilidade de fiscalizar a qualidade de todos os produtos que se
relacionem com a saúde. Ainda jovem, se firma como instituição que merece o
respeito da sociedade brasileira. Confiamos nos laudos que a Anvisa ofereceu
com as novas vacinas, levando em conta o seu caráter emergencial ou regular.
No
grande laboratório no qual se tornou o mundo, é possível avaliar o resultado
das medidas adotadas em cada país no enfrentamento da doença e uma conclusão
parece óbvia: aqueles países que agem de forma coordenada, sob consenso, têm alcançado
os melhores frutos.
Mas
continuamos com grandes perdas de vidas humanas e perturbação do convívio
social. O Brasil precisa seguir o rumo do consenso e interromper o círculo
vicioso no qual se transformou o debate público sobre o problema, no qual os
políticos e a mídia têm contribuições determinantes. Enquanto parte da classe
política se aproveita do espaço aberto pela mídia apenas para reafirmar suas
posições, parte da mídia explora os discursos políticos radicalmente
divergentes apenas para ganhar mais público.
O
Ministério da Saúde (MS) juntamente com o Conselho Nacional de Secretários
Estaduais de Saúde (Conass) e com o Conselho de Secretários Municipais
(Conasems) vêm diminuindo o dissenso. Essas três instituições definiram os
grupos prioritários para a vacinação e a aquisição para o Sistema Único de
Saúde (SUS) da produção da Fiocruz e do Butantan. Há ainda muitos temas a
tratar: o intervalo entre as duas doses da vacina, o tratamento dos doentes e a
identificação e o isolamento dos doentes para prevenir a disseminação do vírus.
É hora da academia e seus cientistas terem voz mais ativa nessa busca pelo
consenso, como vem conseguindo o MS, o Conass e o Conasems.
(*) Médico-sanitarista. Coordenador da Fiocruz
Ceará. Membro titular da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 4/2/2021. Opinião. p.19.
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