Nas forças armadas, já de longa data, a despeito dos modernos antibióticos de uso ambulatorial, os casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) nos praças requerem o tratamento hospitalizado, ou seja, como se diz no jargão militar, baixados na enfermaria. Para os militares, essa prática é também uma medida de segurança, a fim de evitar a maior propagação das DST.
Um soldado foi atendido no Hospital Geral de Fortaleza (do
Exército), o HGeF, exibindo um quadro típico de gonorreia, com intensa secreção
purulenta uretral e antecedentes de contato sexual com uma parceira igualmente
portadora dessa gonococcia.
Na verdade, ele não queria ser internado, e insistia em dizer que
ele e a companheira já estavam sendo tratados, e logo ficariam bons.
O capitão médico perguntou-lhe:
– Onde você foi atendido?
– Ah, doutor! Foi um “doutor” lá na farmácia do meu bairro.
– Era um médico mesmo? Não
seria um farmacêutico?
– Eu sei que era um “doutor” que vendia os remédios.
– Então, nesse caso, devia
ser um balconista de farmácia.
– Disso não tenho certeza não, capitão; mas eu contei a ele
o meu problema, e aí ele passou o remédio pra mim e pra garota que sai comigo.
Até comprei duas caixas: uma pra mim e outra pra ela.
– Qual foi o medicamento que
ele indicou?
– Ah, doutor! Eu tô aqui com a caixa no meu bolso –
responde, prontamente, o soldado, entregando a caixa ao capitão médico.
O médico ficou deveras intrigado com o medicamento proposto: “A
Saúde da Mulher”. Tratava-se de um regulador menstrual, à base de passiflora,
de uso popular, indicado nas cólicas menstruais, perturbações da menopausa e
manifestações agudas ou crônicas das dismenorreias e nas irregularidades do
fluxo menstrual.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Ordinário, marche! Médicos
contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2015. 112p. p.87-88.
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