Um tenente médico fazia um atendimento de um sargento no Hospital Geral de Fortaleza (do Exército), HGeF, tendo prescrito um creme para o tratamento de uma doença de pele. Como desejava que o sargento iniciasse logo o tratamento, ele solicitou ao auxiliar de enfermagem que entrasse em seu consultório, dizendo:
– Cabo
Alfredo, por favor, vá na farmácia do hospital e peça para dispensarem esse
creme que prescrevi para o sargento.
Alguns instantes depois, o Cabo Alfredo voltou e disse:
– Tenente, o farmacêutico me mandou dizer que o remédio que o senhor
passou estava em falta.
– Nesse caso, retorne lá,
por favor, e pergunte ao farmacêutico se ele tem um similar.
– Sim, tenente! É pra já. São dois passos pra ir, e dois
para voltar.
Rapidamente, o cabo Alfredo estava de volta e informou:
– Tenente, o farmacêutico me mandou de novo dizer que não tem no
estoque nenhum similar.
– É uma pena, cabo
Alfredo. Eu gostaria muito de ajudar o sargento.
– Ah, doutor! Essa farmácia daqui não tá com nada. Eu sou
dono de uma “farmacinha” na periferia, que eu botei no nome da minha mulher,
onde eu ganhos os meus trocados, fazendo curativos, “tirando” pressão e
aplicando injeções, e lá eu tenho esse remédio pra vender.
– Ah! É, cabo! Qual deles?
– O primeiro que o senhor escreveu eu não tenho não! O que
eu tenho é o segundo, o “Similar”, posso até trazer pro senhor.
– Está certo, cabo! Pode
trazer, pois se estiver correto comprarei o medicamento para o sargento – falou
o tenente médico, exibindo um sorriso meio maroto.
No dia seguinte, conforme já desconfiava, o tenente médico recebeu
a visita do cabo, que lhe trazia um medicamento denominado: Synalar, um produto
contendo acetonido de fluocinolona, um corticosteroide tópico dotado de
atividade anti-inflamatória, antipruriginosa e vasoconstritora.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Ordinário, marche! Médicos
contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2015. 112p. p.88-89.
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