domingo, 21 de março de 2021

SYNALAR X SIMILAR

             Um tenente médico fazia um atendimento de um sargento no Hospital Geral de Fortaleza (do Exército), HGeF, tendo prescrito um creme para o tratamento de uma doença de pele. Como desejava que o sargento iniciasse logo o tratamento, ele solicitou ao auxiliar de enfermagem que entrasse em seu consultório, dizendo:

Cabo Alfredo, por favor, vá na farmácia do hospital e peça para dispensarem esse creme que prescrevi para o sargento.

Alguns instantes depois, o Cabo Alfredo voltou e disse:

– Tenente, o farmacêutico me mandou dizer que o remédio que o senhor passou estava em falta.

– Nesse caso, retorne lá, por favor, e pergunte ao farmacêutico se ele tem um similar.

– Sim, tenente! É pra já. São dois passos pra ir, e dois para voltar.

Rapidamente, o cabo Alfredo estava de volta e informou:

– Tenente, o farmacêutico me mandou de novo dizer que não tem no estoque nenhum similar.

– É uma pena, cabo Alfredo. Eu gostaria muito de ajudar o sargento.

– Ah, doutor! Essa farmácia daqui não tá com nada. Eu sou dono de uma “farmacinha” na periferia, que eu botei no nome da minha mulher, onde eu ganhos os meus trocados, fazendo curativos, “tirando” pressão e aplicando injeções, e lá eu tenho esse remédio pra vender.

– Ah! É, cabo! Qual deles?

– O primeiro que o senhor escreveu eu não tenho não! O que eu tenho é o segundo, o “Similar”, posso até trazer pro senhor.

– Está certo, cabo! Pode trazer, pois se estiver correto comprarei o medicamento para o sargento – falou o tenente médico, exibindo um sorriso meio maroto.

No dia seguinte, conforme já desconfiava, o tenente médico recebeu a visita do cabo, que lhe trazia um medicamento denominado: Synalar, um produto contendo acetonido de fluocinolona, um corticosteroide tópico dotado de atividade anti-inflamatória, antipruriginosa e vasoconstritora.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Ex-Presidente da Sobrames-Ceará

* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Ordinário, marche! Médicos contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2015. 112p. p.88-89.

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