A major enfermeira
reformada Elza Cansanção Medeiros, carioca, mas filha de alagoanos, fez parte
do grupo de 73 enfermeiras brasileiras que foram à Itália, na II Guerra
Mundial. Ela foi a primeira enfermeira voluntária da Força Expedicionária
Brasileira (FEB) e uma das cinco primeiras a desembarcar, em agosto de 1944, no
teatro de operações da Itália.
Em 1987, a major
Elza, detentora de quase quarenta condecorações, publicou as suas memórias da
FEB, intitulando-as de “E assim a cobra fumou.” Em suas várias entrevistas e
narrativas, a major Elza Cansanção relatou uma das passagens mais curiosas do
período em que esteve em solo europeu, durante a II Grande Guerra, a seguir
reportada:
"Certa vez, um
nordestino foi servir de isca, para descobrir onde estavam os alemães. Todo
mundo voltou do combate e nada de ele chegar. Até que, mais tarde, o soldado
apareceu com um alemão levando um fuzil à sua frente. Todo mundo ficou doido,
os superiores começaram a gritar que tinha um alemão armado, e o nordestino
acalmou todo mundo:
– Ele não está armado, não.
Eu o desarmei. Esse aí é o meu fuzil, que mandei ele carregar porque eu estava
cansado.
Para completar, contou que quase matou o alemão.
– Quando eu ia enfiar a
peixeira nele, vi que o cabra é do meu time.
Ninguém entendeu
nada, então ele apontou a Cruz de Ferro no peito do alemão e concluiu:
– Vocês não estão vendo que
ele é Vasco?”
Nota 1: Por oportuno, convém esclarecer o clube de
futebol carioca Vasco da Gama tem por símbolo a Cruz de Portugal, que é muito
parecida com a Cruz
de Malta, daí ser chamado, equivocadamente, de o clube da cruz maltina, uma vez
que as caravelas usadas por esse navegador lusitano ostentavam a Cruz de Portugal em suas velas, sendo
comumente confundida com a de Malta. Uma das condecorações conferidas pelos
germânicos aos seus soldados por atos de bravura era a Cruz de Ferro (Eiserne Kreuz), cujo formato era o mesmo da Cruz de Malta.
Nota 2: Baseado no símbolo das Cruzadas, a Cruz de Malta é representada por uma
cruz de oito pontas, sendo que quatro pontas apontam para o centro e oito
pontas são externas, formando quatro braços simétricos que partem do centro e
se juntam em suas bases. Vale lembrar que seu significado principal advém de
suas oito pontas, que representam as forças centrípetas do espírito e
simbolizam a regeneração da alma.
A Cruz
de Portugal é também chamada de Cruz da Ordem de Cristo,
ou ainda de Ordem dos Cavaleiros de
Cristo. A Cruz de Portugal tem os braços verticais e horizontais
proporcionais, formando um quadrado e é vermelha. A Cruz de Portugal foi
bastante utilizada durante as cruzadas. A Cruz de Portugal é um símbolo
nacional e está relacionada, em sua origem, ao cristianismo e à era das
expedições marítimas e dos descobrimentos.
A Cruz de
Portugal também está presente como símbolo do clube de futebol brasileiro Vasco
da Gama. A Cruz de Portugal também está visível na bandeira e em equipamentos
de vários times portugueses. É muito comum a Cruz de Portugal ser confundida
com a Cruz de Malta, mas enquanto a Cruz de Malta possui pontas nas
extremidades, formando ângulos estrelados, a Cruz de Portugal possui as
extremidades quadradas.
http://www.dicionariodesimbolos.com.br/cruz-malta/
Nota 3: A Cruz de Ferro foi, originalmente, uma condecoração militar do
Reino da Prússia, e, posteriormente, do Império Alemão, do Terceiro Reich e da
atual Alemanha, instituída pelo rei Frederico Guilherme III e concedida pela
primeira vez, em 1813 em Breslau. Foi a grande honraria militar, instituída nas
Guerras Napoleônicas, reinstituída do Império Alemão, sendo entregue em guerras
importantes, como na Guerra Franco-Prussiana e na Primeira Guerra Mundial. Só
voltou a ser usada na Segunda Guerra Mundial, sob o Terceiro Reich alemão. A
cruz de ferro não é atribuída desde maio de 1945, sendo uma condecoração
exclusiva de tempos de guerra.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_de_Ferro
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Ombro, arma! Médicos
contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2018. 112p. p.67-68.
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