Por Thereza Maria Magalhães Moreira (*)
Algo trivial na primeira e segunda ondas foi a
ansiedade dos cearenses sobre a chegada ou não ao pico da curva da Covid-19. Como se sabe,
o número de infectados no tempo é representado por uma curva em sino, na qual a
transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 aumenta inicialmente de forma linear e
depois exponencialmente, seguindo padrão matemático (função com expoente maior
que zero e diferente de 1), que cresce rapidamente.
A curva epidêmica tem três fases: 1) Crescimento
exponencial (subida da curva, aumento de casos novos); 2) Saturação ou
platô da curva (não confundir com pico, ponto mais alto do platô); 3)
Decaimento exponencial (mais recuperados que novos infectados).
Assim, quanto mais casos novos no menor tempo, mais
exponencial a transmissão, mais contaminados e mais mortes.
Existem modelos estatísticos que estimam
data do pico, mas essa não é imutável, pois a transmissão da Covid-19 sofre
influência das ações realizadas para conter sua curva.
Estatisticamente, é provado que o isolamento
social horizontal é a ação que mais fortemente segura o número de casos e
óbitos, pois quebra a cadeia de transmissão da doença. Usar
máscaras adequadas e manter distanciamento social também é efetivo, mas
não com a mesma força.
Considerando, porém, a carência e a
necessidade de trabalhar do cearense, necessário é que o isolamento social
seja decretado um ciclo ou mais da doença antes do platô, como no atual
momento.
Então, não atingimos o pico ainda,
mantemos transmissão acelerada e estamos em direção ao platô, mas
ainda longe de descer a curva, que acelerará com aumento dos vacinados.
A população deve entender que, se o Ceará não
parasse há 15 dias e ampliasse leitos de enfermaria e UTI Covid-19,
já viveríamos o caos sofrido por Manaus.
A atual situação sanitária e econômica é difícil,
mas as medidas tomadas pouparam e poupam da morte várias pessoas todo dia e é
bom lembrar que fantasmas não trabalham, não compram nem pagam impostos. Assim,
guardar vidas é meta precípua.
E como findar a Covid-19? Vacina é a
solução! Elas custam menos e valem mais, pois são solução definitiva e
coletiva. Então, aos que pedem abertura do comércio e escolas, sugiro
contribuir com o Ceará na compra de vacinas e logo poderemos respirar
aliviados.
(*) Enfermeira, advogada, pesquisadora do CNPq e professora
da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 1/4/2021. Opinião. p.29.
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