Por Luísa Weber Bisol (*)
A pandemia de Covid-19 traz efeitos
deletérios sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida das pessoas. Além do
impacto negativo sobre a saúde física e de possuir implicações econômicas e
sociais, há aspectos afetando a saúde mental das pessoas.
Paralelamente à pandemia, gera preocupação a
possibilidade de enfrentarmos uma epidemia de transtornos mentais
como nunca presenciada na história da humanidade.
O clima de incerteza e insegurança somado a medo
de contágio, isolamento social e estresse financeiro em pessoas
vulneráveis podem acarretar transtornos depressivos, de ansiedade, relacionados
ao uso de álcool e substâncias, transtorno de estresse pós-traumático, entre
outros.
A morte devido à Covid-19 traz consigo a crueldade
do isolamento. A impossibilidade de estar junto aos entes queridos na hora
da morte pode acarretar um processo de luto complicado para familiares.
A preocupação relativa ao aumento exponencial de
indivíduos acometidos por transtornos depressivos tem focado em alguns grupos
que parecem suscetíveis: aqueles previamente acometidos por algum transtorno
mental, indivíduos pouco resilientes, aqueles que residem em áreas com alta
prevalência de Covid-19, aqueles que se contaminaram ou perderam entes queridos
em decorrência da pandemia, idosos, profissionais da saúde que atuam na linha
de frente...
Em nosso meio há o temor que seja necessário
enfrentar dois colapsos: dos serviços de emergência e terapia intensiva e
dos serviços de saúde mental. Anterior à pandemia, a sociedade já lidava com a
escassez de recursos humanos e físicos para atender a demanda que já era grande
e que infelizmente tende a aumentar.
O combate ao estigma que cerca os portadores de
transtornos mentais e a psiquiatria urge para que os cuidados adequados possam
ser ofertados correta e precocemente, evitando complicações graves como o
suicídio.
Além do benefício da imunização, a oferta de
vacinas para todos pode refletir positivamente na saúde emocional das
pessoas, uma vez que traz a sensação de responsabilidade e cuidado dispensados
pelos gestores à população.
(*) Médica psiquiatra. Professora da UFC.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 10/4/21. Opinião, p.14.
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