Por Antonio Jorge Pereira Jr. (*)
“Temos
de lutar contra o totalitarismo. Contra qualquer forma de totalitarismo".
Isso disse Albert Camus a Jean-Paul Sartre em um dos
últimos diálogos entre ambos.
Diferente
de Sartre, Camus se recusou a se calar face a uma ideologia que se mostrava
contrária à natureza humana.
O totalitarismo se
instaura ou se manifesta pelo controle da sociedade e do indivíduo, mediante
terror permanente.
A
situação da pandemia permite
notar como o totalitarismo se reinventa, renovado em suas formas. Aqui
assinalamos três delas.
Primeiro,
o totalitarismo das Big Techs e dos manipuladores das redes sociais.
Em matéria de prevenção e combate à Covid-19, muitos são censurados
hoje nas redes e sofrem o cancelamento -postura violenta - por seu pensamento e
posicionamento diferente de quem detém o poder de controle.
Muitos
dos censuradores se dizem defensores da dignidade humana e da
ciência. Na verdade usam de coação e agressão, postura nada científica ou
digna.
Parte
da mídia também pratica totalitarismo ao tentar controlar a dimensão emocional
da população, mediante terror, e manipular as pessoas para um
resultado político em meio à pandemia.
No
mês de mais óbitos pela Covid, foi assustador notar como certos
veículos pareciam comemorar e fazer espetáculo com o número de mortos.
Irresponsavelmente,
provocam mais ansiedade e depressão. E tentam atribuir toda a
tragédia a um único governante - que tem sua responsabilidade também -com uma
narrativa tendenciosa.
Também
há totalitarismo dos governantes municipais e estaduais no tema do
lockdown. A estratégia, que deveria ser a última, vulgariza-se quase como a
única solução.
As
pessoas se renderam ao lockdown, dominadas pelo medo da doença e
das sanções, contrárias a seus direitos.
A
despeito de sua utilidade emergencial, serve ainda para passar à
população a responsabilidade que cabe antes aos governantes - no plural -
relativamente à preparação do sistema de saúde e ao planejamento inteligente e
diligente dos fluxos de trabalho em face da pandemia.
Estamos,
assim, vivendo mesmo sob novas espécies de totalitarismo. Como dizia Camus, é
preciso reagir contra todos eles.
(*) Mestre
e doutor em Direito. Professor da Pós-Graduação em Direito da Unifor.
Fonte: Publicado
In: O Povo, de 1/4/2021. Opinião. p.28.
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