O
senhor Lula da Silva assumiu a Presidência da República do Brasil em 2003.
Ainda no primeiro ano da administração petista, o Sr. Lula ficou maravilhado
com os voos internacionais e embevecido ao ser recebido por reis, rainhas e
governantes de outros países. A aeronave herdada do governo anterior, mais
conhecida por “Sucatão”, apesar de sua utilidade e da garantia de uso para mais
alguns pares de ano, não possuía maior autonomia de voo, exigindo escalas para
abastecimento, quando em longos trajetos, com o agravante de não ser muito
luxuosa.
Apesar
de saber que dirigentes de algumas das nações mais prósperas não dispõem de
equipamento próprio para alçar voos, evitando imobilizar capital e gastos
correntes de manutenção, e fazem uso normal de aviões de carreira, a vontade da
Presidência do Brasil foi imperativa, determinando a compra de um avião mais
moderno.
Na
época, além de alijar a Embraer do processo licitatório, desprestigiando a
notória competência nacional, no campo da concepção e da montagem de aeroplanos
de médio porte, o governo optou por privilegiar uma concorrente estrangeira e
também por pagar, com o dinheiro do sofrido contribuinte brasileiro, uma exorbitante
soma de US$ 55 milhões. Tal valor foi sobejamente majorado pela inclusão de
itens de requinte, com um luxo ostensivo, digno de um abastado “sheik”
possuidor de poços de petróleo que, no caso, “torra” o seu próprio dinheiro e
não o do povo.
O
avião da Airbus, um modelo A319CJ, foi produzido e montado em Hamburgo, na
Alemanha, já com a pintura de VC1A da Força Aérea Brasileira (FAB), e batizado
oficialmente de Santos-Dumont, mas ficou conhecido por “Aerolula”, apelido
derivado do capricho presidencial do então dirigente do País.
A
tripulação do “Aerolula” é formada pelo Grupo de Transporte Especial (GTE) da
FAB, sendo comandada por oficial de alta patente da Aeronáutica, no caso,
ocupante do posto de tenente-brigadeiro do ar, o que se induz pensar que o piloto
conduza a aeronave em céu de brigadeiro.
O
apego de Lula em cruzar os céus, a bordo de um luxuoso equipamento, prenhe em
conforto e iguarias, não era menor do que o medo presidencial quando se
experimentava turbulências aéreas, ainda que de pequenas magnitude e duração.
Conta-se
que, em um episódio de turbulência, o Sr. Lula, tomado de pavor, acionou o
botão da sua poltrona que permite chamar o comandante, com quem travou a
seguinte conversa:
– O que é isso, companheiro? O
que está acontecendo? – Indagou o presidente.
– São turbulências, presidente – respondeu o brigadeiro.
– Por que isso está ocorrendo? – Perguntou Lula.
– O céu está bastante nublado. Há muitas nuvens
pela nossa frente provocando essas turbulências – explicou o piloto-mor.
– Pois eu quero que você retire
essas nuvens da frente – determinou Lula.
– Como, Sr. Presidente? – Quis saber o
comandante, achando a ordem estranha.
– Vá lá fora! Dê um jeito de
tirar essas malditas nuvens da nossa frente – cobrou o assustado
presidente, já temeroso de ganhar um “paletó de madeira”.
O
brigadeiro, que gozava muito da afeição presidencial, arrematou:
– Só se eu for lá fora com uma vassoura para varrer
essas nuvens, presidente. O problema é que não temos aqui uma “vassoura” apropriada
para isso.
Não
foi necessário, no entanto, recorrer aos préstimos de uma vassoura ou de um
mega espanador atmosférico porque as nuvens se dissiparam naturalmente, pondo
fim às tão temidas turbulências presidenciais e logo o “Aerolula” passou a
sorver um “céu de brigadeiro”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Presidente da Sobrames-Ceará
* Publicado In: SILVA, M. G. C. da (Org.). Fora de forma! Médicos
contam causos da caserna. Fortaleza: Expressão, 2020. 128p. p.68-70.
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