sábado, 3 de julho de 2021

FORMAÇÃO DOCENTE E PANDEMIA

Por Edite Colares (*)

Pensar sobre os impactos da falta de formação docente, para atuar no quadro da crise da Covid-19, deve ser feito, com olhos no Sistema de Ensino como um todo, que vem já há anos sofrendo reduções nas suas iniciativas. Porque, tudo é sistêmico e não é possível se pensar isoladamente.

Se tomarmos as políticas de formação de professores no estado brasileiro, iremos constatar, baixas de investimento no setor, na última década e isso fica claro nos cortes em programas como o PIBID, voltado para formação, em serviço, ou na redução nos cursos de licenciatura em convênio entre as universidades públicas brasileiras e a Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Neste último exemplo, a formação de professores pela UAB, iniciado nos finais dos anos 2000, é uma política de formação de educadores, na modalidade da educação à distância, que hoje, favorece, muito aos docentes, que por este programa puderam ser formados, já com o uso das TICS.

Mas, o quadro de desgoverno pelo qual passamos no Brasil, nos últimos anos atinge também a formação docente, pois uma situação como a que vivemos exigiria uma ação planejada de formação continuada em que, organizadamente, e em articulação com as diferentes instâncias do Sistema de Ensino, pensássemos respostas adequadas de ensino e aprendizagem frente ao quadro de pandemia. Mas, ao contrário, tudo recai sobre a responsabilidade do professor, que improvisa respostas possíveis.

O que faz falta é uma inteligência de sistema, para dar respostas ao real.

Portanto, o problema da formação docente antecede ao da pandemia, pois, os professores deviam estar subsidiados numa reflexão permanente sobre a ação educativa, apropriando-se dos conhecimentos desenvolvidos pela humanidade, para agregar à sua prática pedagógica.

No entanto, além da falta de formação, a dificuldade de acesso aos bens materiais e imateriais, nos evidencia que o problema não é só de adaptação ao uso das tecnologias, mas de planejamento de sistema.

O prejuízo da falta de coordenação do estado brasileiro na implantação de políticas de formação docente neste momento, trará danos irrecuperáveis ao desenvolvimento do país, nos fazendo retroceder a patamares já superados, com repercussões negativas, ainda por longo tempo quanto aos resultados da educação no Brasil.

(*) Professora da Uece.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/04/21. Opinião, p.21.


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