Por Edite Colares
(*)
Pensar sobre os
impactos da falta de formação docente, para atuar no quadro da crise da
Covid-19, deve ser feito, com olhos no Sistema de Ensino como um todo, que
vem já há anos sofrendo reduções nas suas iniciativas. Porque, tudo é sistêmico
e não é possível se pensar isoladamente.
Se
tomarmos as políticas de formação de professores no estado brasileiro, iremos
constatar, baixas de investimento no setor, na última década e isso fica claro
nos cortes em programas como o PIBID, voltado para formação, em serviço, ou na
redução nos cursos de licenciatura em convênio entre as universidades públicas
brasileiras e a Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Neste
último exemplo, a formação de professores pela UAB, iniciado nos finais dos
anos 2000, é uma política de formação de educadores, na modalidade da
educação à distância, que hoje, favorece, muito aos docentes, que
por este programa puderam ser formados, já com o uso das TICS.
Mas,
o quadro de desgoverno pelo qual passamos no Brasil, nos últimos anos atinge
também a formação docente, pois uma situação como a que vivemos exigiria uma
ação planejada de formação continuada em que, organizadamente, e em articulação
com as diferentes instâncias do Sistema de Ensino, pensássemos respostas adequadas
de ensino e aprendizagem frente ao quadro de pandemia. Mas, ao contrário, tudo
recai sobre a responsabilidade do professor, que improvisa respostas possíveis.
O
que faz falta é uma inteligência de sistema, para dar
respostas ao real.
Portanto,
o problema da formação docente antecede ao da pandemia, pois, os
professores deviam estar subsidiados numa reflexão permanente sobre a ação
educativa, apropriando-se dos conhecimentos desenvolvidos pela humanidade, para
agregar à sua prática pedagógica.
No
entanto, além da falta de formação, a dificuldade de acesso aos bens materiais
e imateriais, nos evidencia que o problema não é só de adaptação ao uso
das tecnologias, mas de planejamento de sistema.
O prejuízo da falta de coordenação do estado
brasileiro na implantação de políticas de formação docente neste momento, trará
danos irrecuperáveis ao desenvolvimento do país, nos fazendo retroceder a
patamares já superados, com repercussões
negativas, ainda por longo tempo quanto
aos resultados da educação no Brasil.
(*)
Professora da Uece.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/04/21. Opinião, p.21.
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