Por Vladimir Spinelli Chagas (*)
Estando
ainda no mês de Maria e das mães, tenho voltado meus pensamentos para aquela
que, amparada pela parteira Mamãe Otaciana, me deu vida: Alzira
Spinelli.
Esse
olhar para o passado sedimenta um sentimento de gratidão cada vez
maior pelo que ela e seu Wilson representam para mim em todas as coisas,
especialmente em caráter.
Mamãe
me incentivou e a minha irmã Judite no gosto pelos estudos, ela que
não avançara muito, como era comum no seu tempo, mas que adquirira uma sabedoria
marcante.
Com
sacrifícios que não sei medir, colocou-nos em uma escola particular respeitada,
permitindo nossa aprovação logo no primeiro Exame de Admissão ao Ginásio,
espécie de vestibular, temido por limitar as vagas de ingresso
em colégios públicos.
E
mainha não descurou de me preparar para a vida. Afora os afazeres domésticos
masculinos, à época diferenciados dos das meninas, colocou-me no mercado de
trabalho.
Aos
onze anos fui ser caixeiro em um armazém de secos e molhados, antecessor dos
supermercados, sem relaxar nos estudos. Aliás, visionária como era, incluiu o
curso de datilografia nas minhas atividades.
Aos
treze anos passei a office boy em um escritório de advocacia. Pelos
quinze estava no escritório de um posto de combustível para, aos dezessete,
ingressar em um banco, com carteira assinada.
Essas
oportunidades foram proporcionadas por aquela que não se envergonhou de
bater às portas e pedir pelo filho, cabendo-me corresponder.
O
próximo passo, o BNB, foi por concurso público, contudo o quarto lugar
conquistado mostra que os anos de estudos, até o então curso científico, foram
muito bem aplicados.
A
par de tudo isso, aprendi com minha mãe, intuitivamente, a me dedicar a tudo o
que fazia, procurando fazê-lo da melhor forma. A máxima que ainda defendo é a
de que só devemos fazer o que amamos. Ou aprender a amar o que
fazemos.
Parodiando
o Acadêmico Paulo Setúbal em seu discurso de posse na ABL, cujo teor conheci
ainda no curso primário, digo, como "filho que ela ... criou, educou, fez
homem, Deus sabe com que sacrifícios e com que ingentes
heroísmos obscuros: Minha mãe, Deus lhe pague!"
(*) Professor
da Uece, membro da Academia Cearense de Administração (Acad) e conselheiro do
CRA-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 24/5/21. Opinião, p.22.
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