Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Tempos atrás, estava assistindo a um programa de
televisão quando um dos participantes, com convicção, citou que as maiores
expressões da intelectualidade brasileira tinham nascido em São Paulo ou em
Minas Gerais. Tomei um susto e fiquei perplexo: puxa, será que a “política café
com leite” está voltando! Nada contra, pelo contrário, tenho o maior respeito,
admiração e reconhecimento aos irmãos paulistas e mineiros. Não há dúvida de
que grandes intelectuais e estudiosos, em várias áreas, nasceram naqueles
Estados da Federação. Todavia, não se deve esquecer dos outros Estados e do
Distrito Federal. Creio que aquela afirmação açodada e apaixonada fez tremer no
túmulo gigantes como Machado de Assis, Rui Barbosa, Graciliano Ramos, Érico
Veríssimo, Cora Coralina, Humberto de Campos, Manuel Bandeira e tantos outros
nascidos no norte e no sul, no leste e no oeste do nosso querido Brasil, que
muito influenciaram várias gerações em nosso país. Já que nasci no Ceará, Terra
da Luz, senti-me na obrigação de citar alguns nomes, dentre outros, que se
destacaram no campo intelectual e social do Brasil; José de Alencar, o maior
romancista do Brasil; Clóvis Bevilácqua, o maior jurista; Capistrano de Abreu,
o maior historiador; Farias Brito, o maior filósofo; Rachel de Queiroz, a maior
escritora; Edson Queiroz, o empresário que mostrou ser a educação a sua maior
obra; Alberto Nepomuceno e Eleazar de Carvalho, dois dos maiores maestros
brasileiros; Fagner e Belchior, dois dos maiores cantores e compositores;
Martins Filho, o melhor reitor; Padre Cícero, símbolo de fé e esperança do povo
cearense, nordestino e brasileiro. Estas personalidades, sem dúvida, marcaram
de forma ímpar a formação e o espírito altivo de nossa sociedade, com ações nas
áreas jurídicas, musical, filosófica, cultural, espiritual e política. Não
estou rebatendo as declarações do analista “café com leite”, mas ressaltando
alguns dos valores que formam a cearensidade. Anseio, com fervor, que a força,
a criatividade e a solidariedade dos cearenses permaneçam, cada vez mais, voltadas
para o bem e o progresso da coletividade, formando gerações que nos conduzem à
paz e à justiça.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 13/8/2021.
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