Por João Macêdo Coelho Filho (*)
O processo
de imunização em Fortaleza vem aos poucos avançando, com repercussão
positiva na redução do número de casos de Covid-19 e da letalidade.
Foram cumpridas etapas importantes como a vacinação
dos trabalhadores da saúde, dos idosos e dos grupos com comorbidades,
graças ao empenho e à competência dos nossos gestores da saúde.
No momento em que já se inicia a fase de vacinação
da população geral, percebe-se, no entanto, que um grupo com alta exposição ao vírus, e pertencente
a uma faixa etária com aumento de casos e de mortes, ficou lamentavelmente
esquecido.
Falo dos estudantes da área da saúde que estão em
atividades práticas presenciais nas enfermarias, emergências, UTIs, centros
cirúrgicos, ambulatórios e vários outros espaços institucionais.
Em algumas situações, o contato desses alunos
com os pacientes é especialmente de risco, com exposição a aerossóis,
como nas aulas de Otorrinolaringologia e do curso de Odontologia.
Ressalte-se que, em um momento de
grande tensionamento do sistema de saúde, essas práticas são
fundamentais, pois assegurarão o cumprimento das atividades acadêmicas e a
consequente formação dos profissionais que atuarão na linha de frente do
atendimento.
Temos como Universidade feito a nossa parte,
honrando as colações de grau neste tempo de tantos desafios na área
de saúde.
Porém, a não vacinação do alunato, embora não seja
um fator que venha a impedir a realização das práticas, em face de todos os
cuidados de biossegurança adotados e da não documentação de
transmissão nas aulas, gera certamente insegurança entre discentes e docentes.
Determina possiblidades de evasão, suspensão de
matrícula, e de prejuízos adicionais ao aprendizado. Até o momento somente os
alunos concludentes e do Internato foram contemplados pela vacinação,
ficando excluída a grande maioria que não se encontra nesse período.
Colocar a vacinação dos estudantes da área da saúde
no rol da população em geral não nos parece justo.
Deveriam ter prioridade agora. Se todo o pessoal da
saúde já foi vacinado, inclusive os que não estão na linha de frente, o
que é muito bom, por que deixar de fora os alunos?
Solicitamos, respeitosamente, que os gestores e
autoridades reflitam sobre esse ponto.
(*) Médico geriatra e diretor da Faculdade de Medicina da UFC.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/06/2021. Opinião. p.19.
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