quarta-feira, 25 de agosto de 2021

COVID-19 E A SÍNDROME PÓS-VIRAL

Por Tadeu Sobreira (*)

Apesar dos avanços no tratamento clínico e nas pesquisas ao longo de mais de um ano de pandemia, o coronavírus SARS-CoV-2 ainda desafia pesquisadores - e deve continuar assim por um bom tempo.

Isso porque as consequências da infecção são sentidas por alguns meses após o paciente ser considerado curado da doença.

A pergunta "Esta doença não acaba?" é comum nos consultórios e a resposta é uma: síndrome pós-viral.

Ela é um conjunto de sinais e sintomas que acomete pessoas com diversas infecções virais, como por exemplo a síndrome pós-Chikungunya, bastante conhecida pelos médicos.

De maneira similar, a infecção por Covid também leva a esta síndrome pós-viral, ou pós Covid-19, e é caracterizada por diversos sinais e sintomas físicos, neurológicos e psicológicos.

Os mais comuns são fadiga crônica, dores musculares e articulares, dor de cabeça, tosse crônica, dificuldade respiratória, perda prolongada do paladar e do olfato e perda do apetite.

Algumas pessoas desenvolvem ainda disfunção cognitiva ou perda de memória, que afeta a sua vida cotidiana e a capacidade de tomar decisões ou seguir orientações, como voltar a dirigir carro.

Entre os adultos mais jovens de 18 a 34 anos que não precisaram de hospitalização e que não apresentavam quaisquer comorbidades, quase um em cada cinco não voltou à saúde normal em duas a três semanas após o teste positivo para Covid-19.

Um trabalho publicado no revista científica Lancet mostrou que cerca de 75% dos pacientes que sofreram internação hospitalar por Covid-19 apresentavam pelo menos um sintoma após 6 meses.

A pandemia ainda não deslumbra indicativos de cessar, mas muito se avançou no seu combate e nunca a ciência deu respostas tão rápidas quanto nesta doença.

Todos de alguma forma sofreram ou sofrem as consequências da pandemia, diretamente ou não.

Diante disso, conhecer os mecanismos da síndrome pós-Covid, responder como fazer "para esta doença acabar" e retomar a vida normal é o trabalho de milhares de médicos e pesquisadores no mundo inteiro. Temos a esperança de que logo terão a resposta. 

(*) Médico imunologista e professor da Faculdade de Medicina da UFC.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/06/2021. Opinião. p.22.

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