Por Tadeu Sobreira (*)
Apesar dos avanços no tratamento clínico e nas
pesquisas ao longo de mais de um ano de pandemia, o coronavírus SARS-CoV-2 ainda
desafia pesquisadores - e deve continuar assim por um bom tempo.
Isso porque as consequências da infecção são
sentidas por alguns meses após o paciente ser considerado curado da doença.
A pergunta "Esta doença não acaba?" é
comum nos consultórios e a resposta é uma: síndrome pós-viral.
Ela é um conjunto de sinais e sintomas que acomete
pessoas com diversas infecções virais, como por exemplo a
síndrome pós-Chikungunya, bastante conhecida pelos médicos.
De maneira similar, a infecção por Covid também leva
a esta síndrome pós-viral, ou pós Covid-19, e é caracterizada por diversos
sinais e sintomas físicos, neurológicos e psicológicos.
Os mais comuns são fadiga crônica, dores
musculares e articulares, dor de cabeça, tosse crônica, dificuldade
respiratória, perda prolongada do paladar e do olfato e perda do apetite.
Algumas pessoas desenvolvem ainda disfunção
cognitiva ou perda de memória, que afeta a sua vida cotidiana e a
capacidade de tomar decisões ou seguir orientações, como voltar a dirigir
carro.
Entre os adultos mais jovens de 18 a 34 anos que não
precisaram de hospitalização e que não apresentavam
quaisquer comorbidades, quase um em cada cinco não voltou à saúde normal
em duas a três semanas após o teste positivo para Covid-19.
Um trabalho publicado no revista
científica Lancet mostrou que cerca de 75% dos pacientes que sofreram
internação hospitalar por Covid-19 apresentavam pelo menos um sintoma após 6
meses.
A pandemia ainda não deslumbra indicativos
de cessar, mas muito se avançou no seu combate e nunca a ciência deu respostas
tão rápidas quanto nesta doença.
Todos de alguma forma sofreram ou sofrem
as consequências da pandemia, diretamente ou não.
Diante disso, conhecer os mecanismos da síndrome pós-Covid,
responder como fazer "para esta doença acabar" e retomar a vida
normal é o trabalho de milhares de médicos e pesquisadores no mundo inteiro.
Temos a esperança de que logo terão a resposta.
(*) Médico imunologista e professor da Faculdade de Medicina da UFC.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 14/06/2021. Opinião. p.22.
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