Por Henrique Soárez (*)
Terminadas as olimpíadas de Tóquio, a olimpíada da
vacina parece
estar entrando em uma nova fase. Há poucos meses os estados brasileiros estavam
envolvidos em uma corrida de 100m rasos para vacinar toda a sua população.
Naquele momento o desafio era disponibilidade do imunizante e capacidade
logística de aplicação.
Não temos abundância de doses ainda. E segundo o
consórcio de veículos de imprensa, hoje temos totalmente imunizados 19% da população cearense e
21% da população brasileira.
A adesão espontânea à primeira dose no Ceará se aproxima dos 70%
(ou seja, 30% dos convidados a se vacinarem não comparecem).
Portanto, em breve o desafio de vacinar toda a
população se assemelhará a uma competição de ginástica artística, onde os desportistas precisam
demonstrar destreza em várias modalidades distintas.
Nos Estados Unidos as populações de menor poder
aquisitivo, as populações rurais, os profissionais que têm vários empregos e as
famílias com crianças têm sido especialmente difíceis de alcançar.
Em uma categoria à parte estão aqueles que evitam a
vacina por crenças políticas ou por serem vítimas de fakenews. Assim, a imunidade de
rebanho parece cada vez mais difícil de alcançar.
Nossos governantes precisam encarar o novo momento. Há desafios de comunicação: já
aprendemos que argumentos da ordem do medo ou da vergonha não funcionam, mas
como mobilizar a população nos períodos calmos entre duas ondas da pandemia?
Há desafios logísticos: que tal enviar equipes de vacinação ao encontro de quem
não pode deixar seu posto de trabalho?
E há desafios legais: o economista Richard
Thaler (Prêmio
Nobel de 2017) sugere que precisaremos de leis que dificultem o convívio social
dos não-vacinados.
Para alcançar 100% será necessário vencer em todas as modalidades.
Cada indivíduo só estará seguro quando todos estiverem seguros.
A maior semelhança entre a vacina e os Jogos de Tóquio está na perseverança: em
ambos os certames o sucesso depende de anos de dedicação longe dos holofotes da
mídia.
E nesse aspecto, infelizmente, nós brasileiros não temos um bom desempenho
histórico.
(*)
Engenheiro eletricista, diretor do Colégio
7 de Setembro e da Uni7
Fonte: Publicado In: O Povo, de 12/8/21. Opinião, p.18.
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