terça-feira, 28 de setembro de 2021

A TRAVESSIA DO RUBICÃO

Por Eloisa Vidal (*)

Bem-vindo à escola! Esta pandemia no Brasil foi marcada por um amplo conjunto de decisões erradas no âmbito do governo federal, cujos resultados se mostram nas mais de 558 mil mortes.

No meio disso tudo, os educadores conseguiram resistir e a maioria das escolas não retornou as atividades presenciais, o que poderia ter levado a um desastre de proporções maiores.

Esse foi o nosso Rubicão. Lutamos pela preservação da vida, e continuamos trabalhando mais do que nunca, mantendo nossos alunos conectados à escola.

Agora, com vacina no braço e recuo dos contágios, é possível pensar num retorno minimamente seguro. Depois de um ano e meio sem aulas presenciais, o que teremos na volta? São muitas as expectativas e maiores os desafios, segundo algumas pesquisas que vêm sendo feitas sobre esse momento de aulas online.

Construir um pacto de sociabilidade, retomando as regras de convivência, as relações de afeto, a comunicação direta sem a mediação de telas, o trato gentil com todos, atendendo aos cuidados sanitários ainda necessários.

A relação com o conhecimento escolar mudou, mas não se sabe quanto nem como, por isso, as primeiras semanas de retorno precisam ser dedicadas a levantamentos diagnósticos sobre a aprendizagem dos alunos nesse período de interrupção de aulas presenciais.

O que se prevê é uma variedade de possibilidades de aprendizagens, e numa mesma sala de aula, os professores vão se deparar com alunos cujos déficits de aprendizagem em relação ao currículo escolar prescrito varia de 10% a 100%.

E o que fazer? Se os docentes se reinventaram no momento da suspensão das aulas presenciais para poder continuar o processo educativo com seus alunos, agora uma nova demanda criativa vai exigir destes profissionais, novos desafios que se colocam em duas dimensões: o tempo e os conteúdos.

O tempo, porque é necessário pressa para que esse legado da pandemia não se estenda e prejudique uma geração e os conteúdos, porque vai ser necessário fazer escolhas sobre o contingente e o necessário, o relevante e o acessório, selecionando cirurgicamente, o que trabalhar em sala de aula para garantir os conhecimentos básicos para que todos possam seguir na caminhada.

(*) Professora da Uece. Doutora em Educação.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 5/08/21. Opinião, p.20.

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