Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Existem elites responsáveis que conduzem seus povos à
prosperidade e ao progresso. Vale lembrar Alexandre, o Grande, da Macedônia, e
os povos da Mesopotâmia, do Egito e da Grécia Antiga. Entretanto há lideranças
que se preocupam muito mais com a defesa de seus interesses pessoais ou de sua
casta, do que com as legitimas aspirações populares. Assim aconteceu, por
exemplo, com os dirigentes que determinaram a queda do Império Romano e, mais recentemente,
com a Alemanha nazista, a Itália fascista e a União Soviética stalinista.
Precisamos fazer uma reflexão democrática acerca do que historicamente vem
acontecendo com a América Latina, com maior ou menor dificuldade em certos
países. É inadmissível que, num momento de suma gravidade como este que a
América Latina se encontra, quando a fome é grande, os níveis de desemprego são
preocupantes, a violência é corriqueira, o narcotráfico está generalizado e a
corrupção disseminada, parte significativa das elites latino-americanas finge
que nada de mau está acontecendo. Por sua vez, a região tem possivelmente uma
das mais perversas distribuições de renda de todo planeta, o que propicia a
essas elites deterem o monopólio do poder político e do poder econômico. No
atual contexto, não é preciso ser nenhum pessimista para perceber, com clareza,
o futuro que nos aguarda. A insatisfação popular indica que estamos às vésperas
de uma grande crise moral, ética e socioeconômica, se não houver, de imediato,
uma mudança de mentalidade por parte de certas elites que não possuem espírito
público e solidariedade cristã. Estrategicamente, acreditamos na globalização
sem explorados e exploradores; sem discriminação; vinculada a um debate amplo
sobre tecnologia, pobreza, crescimento, meio ambiente e políticas sociais. A
globalização deve ser analisada mais como um processo político e cultural do
que econômico e financeiro. Por isso, não podemos concordar com as exigências,
muitas vezes irrealistas e cruéis, de organismos internacionais. É claro que as
condições para concessão de ajuda devem existir, mas não a custa de penosos
sacrifícios das populações. Devemos buscar a justiça, nunca a ganância.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 3/9/2021.
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