quarta-feira, 1 de setembro de 2021

NOVAS PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA?

Por Lauro Chaves Neto (*)

As perspectivas econômicas para o Brasil sofreram uma mudança nas últimas semanas, tanto para grande parte dos analistas brasileiros, como principalmente para as instituições internacionais.

Os resultados do PIB mostram que a economia conseguiu retomar o patamar pré-pandemia; o impacto econômico da segunda onda foi menor do que o esperado.

O PIB cresceu no primeiro trimestre, pois, diferente do ano passado, não houve tantas restrições ao funcionamento da economia.

É esperada uma aceleração na economia, concomitantemente com o progresso da vacinação, espera-se uma reabertura integral da economia, um estímulo fiscal renovado, além de uma recuperação da confiança do consumidor e das empresas.

Pessoalmente, trabalho com uma expectativa de crescimento de 4% esse ano, com uma tolerância de 0,5% para mais ou para menos, enquanto o Goldman Sachs, por exemplo, elevou a sua previsão de crescimento para o PIB de 2021, para 5,5%.

A projeção considera um cenário sem escassez no fornecimento de energia e com redução dos gargalos nas cadeias de fornecimento, bem como uma melhora na situação da Covid-19.

Se essa expectativa for concretizada, haverá uma redução dos riscos de curto prazo em relação às contas públicas, uma vez que haveria um ganho expressivo de arrecadação.

Acrescente-se que as despesas são limitadas pelo controverso teto de gastos, tendo como consequência uma queda acima da estimada no déficit primário.

Os cenários anteriores apontavam que em 2021, o Brasil chegaria, na relação dívida/PIB, a um patamar superior a 95%, o que representaria um acréscimo, de quase 20 pontos percentuais aos níveis anteriores aos da pandemia, hoje as estimativas convergem para 85% ou um pouco menos, o que seria uma perspectiva de que o país teria passado a pandemia com metade do aumento esperado para o endividamento.

O repique inflacionário poderá ser uma trava, podendo obrigar o Banco Central a aumentar ainda mais os juros.

Existe, contudo, um gargalo social a ser enfrentado, o aumento das desigualdades em um país já marcado por profundos desequilíbrios territoriais e sociais. 

(*) Consultor, professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

Fonte: O Povo, de 28/6/21. Opinião. p.20.

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