Por Lauro Chaves Neto (*)
As perspectivas econômicas para o Brasil
sofreram uma mudança nas últimas semanas, tanto para grande parte dos analistas
brasileiros, como principalmente para as instituições internacionais.
Os resultados do PIB mostram que a economia
conseguiu retomar o patamar pré-pandemia; o impacto econômico da segunda
onda foi menor do que o esperado.
O PIB cresceu no primeiro trimestre,
pois, diferente do ano passado, não houve tantas restrições ao funcionamento da
economia.
É esperada uma aceleração na economia,
concomitantemente com o progresso da vacinação, espera-se uma reabertura
integral da economia, um estímulo fiscal renovado, além de uma recuperação da
confiança do consumidor e das empresas.
Pessoalmente, trabalho com uma expectativa de
crescimento de 4% esse ano, com uma tolerância de 0,5% para mais ou
para menos, enquanto o Goldman Sachs, por exemplo, elevou a sua previsão de
crescimento para o PIB de 2021, para 5,5%.
A projeção considera um cenário sem escassez no
fornecimento de energia e com redução dos gargalos nas cadeias de
fornecimento, bem como uma melhora na situação da Covid-19.
Se essa expectativa for concretizada, haverá uma
redução dos riscos de curto prazo em relação às contas públicas, uma
vez que haveria um ganho expressivo de arrecadação.
Acrescente-se que as despesas são limitadas pelo
controverso teto de gastos, tendo como consequência uma queda acima
da estimada no déficit primário.
Os cenários anteriores apontavam que em 2021, o
Brasil chegaria, na relação dívida/PIB, a um patamar superior a 95%, o que
representaria um acréscimo, de quase 20 pontos percentuais aos níveis
anteriores aos da pandemia, hoje as estimativas convergem para 85% ou um pouco
menos, o que seria uma perspectiva de que o país teria passado a pandemia com
metade do aumento esperado para o endividamento.
O repique inflacionário poderá ser uma
trava, podendo obrigar o Banco Central a aumentar ainda mais os juros.
Existe, contudo, um gargalo social a ser
enfrentado, o aumento das desigualdades em um país já marcado por profundos
desequilíbrios territoriais e sociais.
(*) Consultor,
professor doutor da Uece e conselheiro do Conselho Federal de Economia.
Fonte: O Povo, de 28/6/21. Opinião. p.20.
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