Por Luiz
Gonzaga Fonseca Mota (*)
Apresentamos,
a seguir, três prosas poéticas, sem rima e sem métrica, mas para que possamos
refletir sobre a vida. 1_ PARADOXOS DA VIDA (para pessoas
insensíveis): Dá mais pena uma pessoa
poderosa e corrupta na cadeia, que um mendigo vivendo debaixo de um viaduto. É
mais triste uma velha senhora milionária morando sozinha no Leblon, que uma
viúva sem nenhum recurso, abandonada com filhos no sertão nordestino. A dor é
maior ao retirar uma verruga do rico, que amputar, a frio, a perna de uma
criança indígena. Constrange mais um empresário ser barrado no restaurante, por
falta de mesa, que uma família de retirantes não ter comida. Revolta mais a
lancha para lazer enguiçar no mar de Búzios, do que a jangadinha do pescador
cearense virar pela força do vento. Dá mais raiva a falta de chope gelada o no
bar, que a escassez de água potável para beber no lar. É mais grave não
orientar no trânsito o homem do carro de luxo que o trabalhador montado em sua
velha bicicleta. É mais melancólico o velório de um cidadão importante, do que
sepultar uma criança que morreu de fome. Pior é a falta dos cremes de beleza
para uma madame, do que a farinha d’água para a sertaneja. É mais interessante
um brinde com champanhe numa festa, do que beber um pouco de café acompanhado
com rapadura. Enfim, infelizmente, a vida é assim! 2_ MENTECAPTO (para pessoas surreais): Ouço a luz do sol nascente. Vejo o aroma dos pássaros.
Entendo o cantar de uma flor. Sou louco! Abraço a triste solidão, desprezo a alegre
amizade. Ando em busca do mal, rejeito as pessoas do bem. Penso em coisas
deploráveis, esqueço as atitudes amáveis. Procuro apenas ser servido, não
almejo ajudar o próximo. Sou alienado, surreal, kafkiano... Reflito e ajo de
forma contestável. Talvez muitos sejam como eu, muitos. É lamentável! A única
cura, sem dúvida; seria, com fé, seguir os ensinamentos de Deus. 3_ FAMÍLIA (para pessoas que buscam o amor): Continuo procurando o melhor caminho, aquele que nos dê
paz e tranquilidade. Eu e a família, num mesmo ninho, com certeza, viveremos
com amizade. O afeto decorre da sincera união, sem ódio, sem inveja e sabendo
perdoar. Nunca podemos esquecer a compaixão, sentimento maior para Deus se
adorar.
(*) Economista. Professor aposentado da UFC.
Ex-governador do Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 8/10/2021.
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