terça-feira, 2 de novembro de 2021

DIMENSÕES DO RETORNO À PRESENCIALIDADE

Por Hildebrando dos Santos Soares (*)

Em 2020, enfrentamos o isolamento e o distanciamento sociais como medidas para preservação da vida e precisamos repensar novas formas de realizar as atividades cotidianas. Nas instituições de ensino públicas e privadas de todos os níveis de ensino, não foi diferente.

Professores, gestores e funcionários, coletivamente, atuaram para manter a qualidade do trabalho realizado por meio das plataformas digitais que possibilitaram o ensino remoto. Em paralelo, pesquisadores de diversas instituições por todo o mundo trabalhavam incansavelmente para produzir vacinas, que representam um grande avanço no combate à Covid-19 como estratégia coletiva de imunização.

Com o esforço de governos estaduais e municipais para a aquisição e a distribuição de vacinas, foi possível avançar na vacinação em diversos municípios. Apesar disso, ainda não atingimos o nível de segurança necessário ao retorno de todas as atividades presenciais.

Há, ainda, a necessidade de cuidado e de respeito às normas sanitárias. Por isso, a maioria das universidades públicas brasileiras, incluindo a Uece, tomaram a decisão de manter o ensino remoto até o final de 2021 para as atividades teóricas.

Somente a Uece mobiliza mais de 25 mil estudantes de graduação e de pós-graduação, em mais de 100 municípios do Ceará, que se deslocam aos campi em uma logística desafiadora.

Planejar retorno presencial pressupõe pensar um plano multidimensional, que envolve condições de higiene dos ambientes acadêmicos, cuidado com a logística de transporte dos estudantes, especialmente os do interior, mudanças infraestruturais, distribuição de itens de segurança, como máscara e álcool e, sobretudo, a construção de processos educativos para mudança de hábitos da comunidade.

Sabendo desses desafios temos clareza de que o pós-pandemia não garantirá um retorno presencial nas condições que tínhamos antes da Covid-19. Para além das medidas de segurança sanitária, que objetivam preservar vidas, precisamos continuar repensando métodos e instrumentos de ensino que combinem a presencialidade com a utilização ampla de tecnologias.

pandemia nos colocou diante da necessidade de resolução de um problema: a até então impossibilidade de realização de atividades presenciais. Agora, cabe a nós ampliar essa possibilidade de urdir o processo de ensino e aprendizagem, o modelo presencial e as atividades mediadas pela tecnologia.

Tudo isso envolve um conjunto de investimentos para o enfrentamento bem-sucedido a essa nova realidade. Precisamos trabalhar para incluir, de forma massiva, os nossos estudantes nesse contexto, garantindo-lhes internet de alta velocidade e equipamentos codizentes com as necessidades educacionais. Somente assim poderemos pensar em inclusão no sentido lato para manter a qualidade da formação em nível superior. 

(*) Reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/9/21. Opinião, p.19.

Postado no Blog do Marcelo Gurgel em 28/02/2021.

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