Por Hildebrando
dos Santos Soares (*)
Em 2020, enfrentamos o isolamento e o distanciamento sociais como medidas para
preservação da vida e precisamos repensar novas formas de realizar as
atividades cotidianas. Nas instituições de ensino públicas e privadas de todos
os níveis de ensino, não foi diferente.
Professores, gestores e funcionários, coletivamente, atuaram para manter
a qualidade do trabalho realizado por meio das plataformas digitais que
possibilitaram o ensino remoto. Em paralelo, pesquisadores de diversas instituições por todo o mundo
trabalhavam incansavelmente para produzir vacinas, que representam um grande
avanço no combate à Covid-19 como estratégia coletiva de imunização.
Com o esforço de governos estaduais e municipais para a aquisição e a
distribuição de vacinas, foi possível avançar na vacinação em diversos municípios. Apesar disso,
ainda não atingimos o nível de segurança necessário ao retorno de todas as
atividades presenciais.
Há, ainda, a necessidade de cuidado e de respeito às normas sanitárias.
Por isso, a maioria das universidades públicas brasileiras, incluindo a Uece, tomaram a decisão de manter o
ensino remoto até o final de 2021 para as atividades teóricas.
Somente a Uece mobiliza mais de 25 mil estudantes de graduação e de
pós-graduação, em mais de 100 municípios do Ceará, que se deslocam aos campi em
uma logística desafiadora.
Planejar retorno presencial pressupõe pensar um plano multidimensional, que envolve condições
de higiene dos ambientes acadêmicos, cuidado com a logística de transporte dos
estudantes, especialmente os do interior, mudanças infraestruturais,
distribuição de itens de segurança, como máscara e álcool e, sobretudo, a
construção de processos educativos para mudança de hábitos da comunidade.
Sabendo desses desafios temos clareza de que o pós-pandemia não garantirá
um retorno presencial nas condições que tínhamos antes da Covid-19. Para além das medidas de
segurança sanitária, que objetivam preservar vidas, precisamos continuar repensando
métodos e instrumentos de ensino que combinem a presencialidade com a
utilização ampla de tecnologias.
A pandemia nos colocou diante da necessidade de resolução de um problema: a
até então impossibilidade de realização de atividades presenciais. Agora, cabe
a nós ampliar essa possibilidade de urdir o processo de ensino e aprendizagem,
o modelo presencial e as atividades mediadas pela tecnologia.
Tudo isso envolve um conjunto de investimentos para o enfrentamento
bem-sucedido a essa nova realidade. Precisamos trabalhar para incluir, de forma
massiva, os nossos estudantes nesse contexto, garantindo-lhes internet de alta
velocidade e equipamentos codizentes com as necessidades educacionais. Somente
assim poderemos pensar em inclusão no sentido lato para manter a qualidade da
formação em nível superior.
(*) Reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Fonte: Publicado In: O Povo, de 19/9/21. Opinião, p.19.
Postado no Blog do Marcelo Gurgel em 28/02/2021.
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