segunda-feira, 1 de novembro de 2021

UM POUCO DE HISTÓRIA

Por Luiz Gonzaga Fonseca Mota (*)

Fazendo uma pesquisa sobre política na biblioteca da Câmara dos Deputados, encontrei alguns textos sobre o Barão de Itararé. Fiquei curioso e comecei a ler. Gostei e fui em frente. Quanta originalidade! Naquela ocasião, até para melhorar o meu humor, larguei os dois compêndios de política, e passei a ler as tiradas do Barão. Gostei dos seus ditos engraçados e astuciosos. Assim, conheci melhor Apparício Torelly, o Barão de Itararé, nascido a 29 de janeiro de 1895, no interior de uma diligência que se dirigia do Uruguai para o Rio Grande do Sul, tendo falecido em 27 de novembro de 1971 no Rio de Janeiro. Famoso por suas observações satíricas e irônicas, desenvolveu um jornalismo inteligente em vários periódicos como o Globo, de Irineu Marinho, a Manhã, de Mário Rodrigues, e o Almanaque d'A Manhã, de sua propriedade, dentre outros. Sua vida foi caracterizada por momentos de muita dificuldade. Saúde precária, pouco dinheiro, atividade política difícil, incompreendido, solitário, no entanto, sempre escreveu com muito humor. Exerceu com mais intensidade sua atividade jornalística, na primeira metade do século XX, principalmente, no período Vargas (1930-1945). O Barão tinha consciência de que a violência da ditadura era insuportável e uma das poucas armas de resistência popular era o humor. Foi preso várias vezes pela polícia secreta do Estado Novo, bem como teve seu mandato de vereador do Rio de Janeiro cassado em 1947. Vale a pena destacar algumas máximas do Barão de Itararé, pois continuam atuais: Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo; De onde menos se espera, daí é que não sai nada; Os juros são o perfume do capital; Com dinheiro à vista toda gente é benquista; Além dos aviões de carreira, há qualquer coisa no ar; Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância; Entre sem bater, etc. O Barão contou com a simpatia de renomados escritores, como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rubem Braga, Raimundo Magalhães Junior, Jorge Amado e recebeu de Pablo Neruda uma manifestação significativa: “Al Barón de Itararé um grande entre los grandes, con respeto le saluda de pie el poeta de los Andes”

(*) Economista. Professor aposentado da UFC. Ex-governador do Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste, Ideias. 22/10/2021.


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