terça-feira, 21 de dezembro de 2021

CÂNCER INFANTIL - inimigo de todos

Por Eduardo Jucá (*)

Lucas parou de ir à escola. Laurinha tem dores intensas. Tiago esteve internado durante um mês. Os pais de Bianca não estavam preparados para a despedida. Todas essas narrativas têm em comum o impacto do câncer na vida de crianças e suas famílias.

Neste 23 de novembro, celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil. O câncer apresenta características específicas na faixa etária pediátrica. Muitos deles são mais agressivos nos mais jovens justamente porque as células ainda em desenvolvimento apresentam maior potencial de multiplicação. Os tratamentos também são específicos, e toda uma estrutura direcionada ao atendimento das crianças é necessária em um contexto multidisciplinar.

Os tipos de câncer mais comuns na infância são as leucemias e os tumores cerebrais. Os sintomas mais importantes e que devem levar a família a procurar atendimento o mais breve possível são palidez, fraqueza, dores de cabeça, no abdome ou nos membros, aparecimento de nódulos, vômitos e perda de peso. Apesar dos estigmas e da carga emocional que a doença traz, as chances de cura são altas quando há acesso precoce aos cuidados e ao tratamento.

No sistema nervoso, além de representarem risco ao desenvolvimento neurológico, os tumores implicam a necessidade de cirurgias no cérebro ou na medula espinhal, com potencial risco de sequelas neurológicas. É fundamental, portanto, que existam estruturas muito bem equipadas e que contem com a atuação articulada de oncologistas pediátricos e neurocirurgiões com formação específica e dedicação ao atendimento de crianças. Os tipos de tumores e a localização preferencial no cérebro, inclusive, são totalmente diferentes do que ocorre quando se trata de adultos.

O combate ao câncer infantil envolve histórias de muita luta, mas também de vitórias cada vez mais frequentes à medida que a ciência avança e o acesso ao tratamento é facilitado. Profissionais de saúde, gestores e sociedade civil precisam intensificar esforços e articulações para proteger os seres humanos mais frágeis da doença mais desafiadora. 

(*) Médico neurocirurgião pediátrico, professor, pesquisador e palestrante.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/11/2021. Opinião. p.18.

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