Por Eduardo Jucá
(*)
Lucas parou de ir à escola. Laurinha tem dores
intensas. Tiago esteve internado durante um mês. Os pais de Bianca não estavam
preparados para a despedida. Todas essas narrativas têm em comum o impacto do
câncer na vida de crianças e suas famílias.
Neste 23 de novembro, celebra-se o Dia Nacional de
Combate ao Câncer Infantojuvenil. O câncer apresenta características
específicas na faixa etária pediátrica. Muitos deles são mais agressivos nos
mais jovens justamente porque as células ainda em desenvolvimento apresentam
maior potencial de multiplicação. Os tratamentos também são específicos, e toda
uma estrutura direcionada ao atendimento das crianças é necessária em um
contexto multidisciplinar.
Os tipos de câncer mais comuns na infância são as
leucemias e os tumores cerebrais. Os sintomas mais importantes e que devem
levar a família a procurar atendimento o mais breve possível são palidez,
fraqueza, dores de cabeça, no abdome ou nos membros, aparecimento de nódulos,
vômitos e perda de peso. Apesar dos estigmas e da carga emocional que a doença
traz, as chances de cura são altas quando há acesso precoce aos cuidados e ao
tratamento.
No sistema nervoso, além de representarem risco ao
desenvolvimento neurológico, os tumores implicam a necessidade de cirurgias no
cérebro ou na medula espinhal, com potencial risco de sequelas neurológicas. É
fundamental, portanto, que existam estruturas muito bem equipadas e que contem
com a atuação articulada de oncologistas pediátricos e neurocirurgiões com
formação específica e dedicação ao atendimento de crianças. Os tipos de tumores
e a localização preferencial no cérebro, inclusive, são totalmente diferentes
do que ocorre quando se trata de adultos.
O combate ao câncer infantil envolve histórias de
muita luta, mas também de vitórias cada vez mais frequentes à medida que a
ciência avança e o acesso ao tratamento é facilitado. Profissionais de saúde,
gestores e sociedade civil precisam intensificar esforços e articulações para
proteger os seres humanos mais frágeis da doença mais desafiadora.
(*) Médico
neurocirurgião pediátrico, professor, pesquisador e palestrante.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 23/11/2021. Opinião. p.18.
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