terça-feira, 21 de dezembro de 2021

MÁSCARA

Por Márcia Alcântara Holanda (*)

"Um Pierrô apaixonado, que vivia só cantando, por causa de um Colombina acabou chorando acabou chorando..." (Noel Rosa 1932). Desde 1935 que os carnavais são animados pelos trios amorosos fantasiado de Pierrôs, Colombinas e Arlequins, numa sátira à Comédia Italiana Dell' Arte, que representou encontros desse triângulo amoroso, no século XVI. Personalizavam: o desalento de Pierrô rejeitado por Colombina e a alegria de Arlequim que a amava e era correspondido por ela. Gostei muito de usar a máscara negra da Colombina, que conquistava sempre algum Arlequim, nos bailes carnavalescos dos anos de 1960 e 1970.

Nos carnavais ou festa de Halloween, máscaras sempre foram catalizadoras de encontros expectantes, mas até de contestações e proteções identitárias pessoais ou sociais de todas as épocas. O Coringa, o Joke, do filme de mesmo nome, de 2019, apresenta-se travestido de Palhaço e protagoniza muitos crimes como reflexo de sua vida pouca significante, por ter sua identidade ofuscada por doença, doença da mãe, desprezos do pai e da sociedade para com sua existência.

Nossos ancestrais fincaram nas pedras desenhos rupestres de si, usando máscaras lembrando animais que caçavam, parecendo desejar, serem superiores àqueles. Já as máscaras dos Super-heróis, têm o poder de exibir elementos de comportamento justiceiro, transformadores daquilo que não se é, para o que se quer ser. Recentemente, A Marvel Comics, ajustou seus super-heróis a pessoas comuns, apresentadas no documentário "Marvel por trás da máscara" de Michael Jacobs, 2021. Gerou assim, mais simpatia do público, mostrando-os, como bons filhos, trabalhadores, estudiosos, amorosos. Por isso, ganharam mais simpatia do público.

As máscaras sempre tiveram suas funções, de acordo com as circunstâncias. Hoje, o mundo todo as usa, não para entretenimento ou mesmo contestações, mas para livrar-se do mais mortal dos vírus que já habitou entre nós. Usamos as mais poderosas de todas as máscaras conhecidas até então, pois aliviam e controlam o medo, o sofrimento e a morte pela Covid-19.

É uma das mais poderosas ferramentas que junta com o distanciamento social, higiene das mãos e adoção das vacinas, estão garantindo um estado de bonança saudável, que ora grassa sobre a humanidade. Mantenhamo-nos "mascarados", até que esses tempos sejam apenas história. 

(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina.

Fonte: Publicado In: O Povo, de 11/11/2021. Opinião. p. 19.

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