Por Márcia Alcântara Holanda (*)
"Um Pierrô apaixonado, que vivia só cantando,
por causa de um Colombina acabou chorando acabou chorando..." (Noel Rosa
1932). Desde 1935 que os carnavais são animados pelos trios amorosos fantasiado
de Pierrôs, Colombinas e Arlequins, numa sátira à Comédia Italiana Dell' Arte,
que representou encontros desse triângulo amoroso, no século XVI.
Personalizavam: o desalento de Pierrô rejeitado por Colombina e a alegria de
Arlequim que a amava e era correspondido por ela. Gostei muito de usar a
máscara negra da Colombina, que conquistava sempre algum Arlequim, nos bailes
carnavalescos dos anos de 1960 e 1970.
Nos carnavais ou festa de Halloween, máscaras sempre
foram catalizadoras de encontros expectantes, mas até de contestações e
proteções identitárias pessoais ou sociais de todas as épocas. O Coringa, o
Joke, do filme de mesmo nome, de 2019, apresenta-se travestido de Palhaço e
protagoniza muitos crimes como reflexo de sua vida pouca significante, por ter
sua identidade ofuscada por doença, doença da mãe, desprezos do pai e da
sociedade para com sua existência.
Nossos ancestrais fincaram nas pedras desenhos
rupestres de si, usando máscaras lembrando animais que caçavam, parecendo
desejar, serem superiores àqueles. Já as máscaras dos Super-heróis, têm o poder
de exibir elementos de comportamento justiceiro, transformadores daquilo que
não se é, para o que se quer ser. Recentemente, A Marvel Comics, ajustou seus
super-heróis a pessoas comuns, apresentadas no documentário "Marvel por
trás da máscara" de Michael Jacobs, 2021. Gerou assim, mais simpatia do público,
mostrando-os, como bons filhos, trabalhadores, estudiosos, amorosos. Por isso,
ganharam mais simpatia do público.
As máscaras sempre tiveram suas funções, de acordo
com as circunstâncias. Hoje, o mundo todo as usa, não para entretenimento ou
mesmo contestações, mas para livrar-se do mais mortal dos vírus que já habitou
entre nós. Usamos as mais poderosas de todas as máscaras conhecidas até então,
pois aliviam e controlam o medo, o sofrimento e a morte pela Covid-19.
É uma das mais poderosas ferramentas que junta com o
distanciamento social, higiene das mãos e adoção das vacinas, estão garantindo
um estado de bonança saudável, que ora grassa sobre a humanidade.
Mantenhamo-nos "mascarados", até que esses tempos sejam apenas
história.
(*) Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de
Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 11/11/2021. Opinião. p. 19.
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