quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

COMPROMISSO COM A SEGURANÇA PÚBLICA

Por Henrique Soárez (*)

Tiquinho é marceneiro. Sua esposa foi assassinada e ele foi expulso de sua moradia. Viu os bandidos trocarem a fechadura da sua porta. Hoje mora de favor e se ressente de precisar pedir dinheiro. Nem espera ter a casa devolvida. Sabe que o Estado não tem como garantir a sua segurança.

Mesmo com todos os avanços em políticas públicas no Ceará das últimas décadas, o crime segue mais organizado que o estado. A importante série "Guerra Sem Fim", produzida pelo Grupo O POVO, expõe a triste realidade: as facções colocam fronteiras. Para ficar em um só exemplo: alunos de um território não podem assistir aula em outro.

Em um "bom" ano, 40% dos homicídios no nosso estado são solucionados. A média mundial é 63%. Defensores públicos advogam aluguel social para as famílias deslocadas. É razoável, mas a proposta evidencia o tamanho do problema: a moradia anterior não foi destruída por um acidente natural. Ela está lá, ocupada por um bandido, e o Estado propõe um paliativo.

Nós, a sociedade, abandonamos Tiquinho. Nos encontramos próximos à anomia social. Com toda a controvérsia que envolve o combate às drogas, não deveria ser difícil encontrar algumas unanimidades no campo da segurança pública: é vasta a convergência entre quem valoriza o direito à propriedade e quem coloca em primeiro lugar o direito à vida.

O problema do crime organizado é complexo. Soluções requerem coordenação entre todos os entes federativos: segurança pública é responsabilidade dos estados, que precisam prover especialmente visibilidade às forças policiais; os municípios precisam prover iluminação, cultura, esporte e educação; e a União deve orquestrar uma política nacional de segurança, além de oferecer meios para os demais entes enfrentarem organizações criminosas que podem ser internacionais. Tratar a doença requer também persistência. Como uma mola que não se opõe diante de uma ação externa, as organizações criminosas aguardam a intervenção cessar para seguir com suas atividades.

Meu voto para governador em 2022 e para prefeito em 2024 dará grande importância às propostas para lidar com o crime organizado e as facções. Quatro anos de trabalho não resolvem, mas um dia de inação torna o problema ainda mais entranhado. 

(*) Engenheiro eletricista, diretor do Colégio 7 de Setembro e da Uni7

Fonte: Publicado In: O Povo, de 2/12/21. Opinião, p.18.

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