Por Pe. Vanderlúcio
Souza (*)
Em muitos
lugares e há muitos anos, o protagonista que deu origem à data é
cancelado. Seu nome não é mencionado. Ele não aparece em comerciais de TV
aberta, não ganha doodle na big tech de busca e nas decorações dos grandes
centros comerciais, encontrá-lo é um acaso.
Existem aqueles
que querem abolir a felicitação de Natal, substituindo-a simplesmente por um
desejo de boa festa de fim de ano. O cancelamento de Jesus em seu
Natal vem desde o seu nascimento. No relato bíblico, quando soube que aquela
criança havia nascido na pequena Belém de Judá, o virulento Rei Herodes
convocou secretamente os magos para saber o paradeiro do menino. Avisados em
sonho, os magos não retornaram ao Rei, o que o deixou cheio de ira. Enfurecido,
expediu decreto ordenando o massacre de recém-nascidos em toda a região da
Judeia.
Mas por que o
nascimento de uma criança assusta tanto, inclusive, governos e governantes até
os dias atuais? Os discípulos de Herodes, ao longo dos séculos, não
compreendem a manifestação da grandeza de Deus que se dá justamente ao
abaixar-se. Não entendem, como escreveu Santo Agostinho, o fato de "o
criador do sol ter-se feito sob o sol''. Impregnados das ilusões das coisas que
passam, esquecem a contemplação do mistério da eternidade que veio ao tempo
tocar e trazer uma mensagem de salvação que exige uma mudança de vida.
Quiçá, neste
Natal, os homens acolham o Menino Deus que vem nos visitar e com a
sua luz dissipar a noite da desesperança e do medo. Jesus cancelado insiste em
vir até nós porque nos ama. Ele sabe que nossa felicidade consiste em amá-lo,
em nos juntar aos magos na oferta de tudo o que temos e somos e aos pastores na
mais profunda adoração.
(*) Jornalista e Coordenador do Setor de
Comunicação da Arquidiocese de Fortaleza. Sacerdote recém-ordenado.
Fonte: O Povo, de 24/12/2021. Opinião. p.22.
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