Meraldo
Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Independentemente
de quem seja, ou dos momentos vividos, todo ser humano abrange o infinito
universal, pois é parte dele. Não é preciso ter ou saber de tudo e, sim,
possuir a certeza de que o Mundo todo se encontra dentro de nós. Por menor que
seja, por mais prosaica a vida que leva, qualquer criatura guarda o Universo,
por inteiro, dentro de si mesma. Daí, quando salva a vida de uma pessoa, está
salvando a Humanidade.
Caso você
deseje que o futuro seja melhor, estude o passado e, ao passar sua experiência
para seus filhos, você a estará transmitindo também aos seus netos. Lembre-se
de que o grande homem não é o conquistador. A história do futuro não será mais
escrita com base nos feitos dos generais ou sobre batalhas, morticínios ou
guerras, mas sobre os fazedores da Paz.
Vamos lá ao meu
desabafo:
Nunca gostei
muito de esportes e até hoje os considero como uma sublimação do espírito
guerreiro. Apesar de me achar um desajeitado em fazer amizades devido à minha
timidez nata, terminei sendo taxado de orgulhoso. Confesso que, às vezes, mesmo
depois de velho, tenho vontade de colocar uma prancheta pendurada no pescoço,
com os dizeres: “Não sou chato, sou tímido e
acanhado”.
Na minha
adolescência, deleitava-me com a Guerra Civil Espanhola descrita por Ernest
Hemingway (1899-1961) no seu emblemático “Por
quem os sinos dobram?” Suas touradas, lutas de box e valentias povoaram minha
mente em formação.
Comecei minha
vida universitária pesquisando e denunciando a fome ancestral da maioria da
população infanto-juvenil brasileira. Como não seria de estranhar, atraí
críticas dos ortodoxos e também dos heterodoxos que não conseguem sair das suas
desnutridas observações. Poucas foram as pessoas que me entenderam em um mundo
cada vez mais interessado pelo dinheiro e pelo egoísmo.
Durante todos
esses anos dedicados à Medicina, permaneci fiel às minhas leituras e muito mais
à minha consciência. Para mim, o computador facilitou escrever, porém pretendo
usá-lo apenas como editor de textos ou facilitador de alguma consulta na
Internet.
Sempre fui
muito batalhador, interessado em tudo o que acontece em minha casa e em todo o
mundo. Não desejo tomar o lugar da juventude e muito menos das suas
experiências arriscadas. Desde que o mundo é mundo, as gerações se sucedem...
E, o pior é ser considerado um velho que se perdeu do caminho da vida.
Só ao envelhecer
temos condições de nos perguntar sobre o que fizemos da nossa vida.
Sei que não
valeria a pena chegar aos oitenta e cindo anos, se toda sabedoria do mundo
fosse tolice perante Deus frase do romancista alemão Johann Wolfgang von Goethe
(1749-1832) autor do livro intitulado “Os
Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister” e que no momento da própria morte
suplicava: "deixem
entrar a luz".
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE), da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES) e da Academia Recifense de Letras. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha).
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